Luis herdou uma pequena fortuna após o falecimento de uma tia. Sentindo-se financeiramente abastado, passou a viajar frequentemente: Paris, Roma, Jerusalém, Nova York, Extremo Oriente... Três ou quatro vezes por ano, ele estava em um novo destino, hospedado em hotéis de luxo e inundando suas redes sociais com fotos ostensivas.

Contudo, havia uma lacuna gritante em suas experiências: a ausência de profundidade cultural. A bagagem intelectual de Luis era quase nula. O que ele via em suas viagens era apenas a superfície, as fachadas de cada destino visitado. Sem um conhecimento mínimo de história, arte, culinária ou costumes simbólicos dos locais, Luis não tinha como apreciar a verdadeira essência de cada lugar. Museus eram apenas edifícios com objetos estranhos, monumentos se resumiam a pedras empilhadas e as tradições e riquezas culturais das cidades não passavam de meras trivialidades para ele.

Estar fisicamente presente em um lugar não é suficiente. É a cultura que permite mergulhar no valor e no sentido dos lugares, entender suas histórias e belezas intrínsecas. Ter dinheiro é suficiente para ser realmente rico? Viajar frequentemente é sinal de riqueza? E a mente? A alma?

A mensagem é clara: o enriquecimento cultural é essencial – especialmente em viagens. Sem ele, experiências são passagens vazias. Cultura é o que transforma simples visitas em vivências valiosas, que alimentam em todos os sentidos.

Cultura é o que confere sabor ao que o dinheiro pode comprar. Sem ela, o poder de adquirir coisas é como assistir a um filme em língua estrangeira sem legendas. Hoje, pode-se dizer que Luis se tornou um expert em selfies. Mas o que todos já sabem é que ele continua a confundir a Torre Eiffel com a Torre de Pisa.