Alvo de um inquérito civil aberto pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) para investigar sua conduta ao votar da praia o reajuste inflacionário do próprio salário, o vereador Bruno Barbosa (Cidadania), de Jatazinho, na RML (Região Metropolitana de Londrina), foi eleito por unanimidade pelos parlamentares da cidade para fazer parte da Comissão de Ética do Legislativo.

Imagem ilustrativa da imagem Vereador que votou reajuste da praia é eleito para Comissão de Ética
| Foto: Gustavo Carneiro

A votação ocorreu na última segunda-feira (06), durante a primeira sessão ordinária do ano, ocasião em que foram escolhidos os membros de todas as comissões permanentes da Casa. Os sete vereadores presentes votaram em Bruno Barbosa. Ele será relator do grupo até o fim da atual legislatura, em dezembro de 2024.

De acordo com a resolução de criação do colegiado, entre as responsabilidades da Comissão de Ética estão instaurar processos disciplinares por conduta atentatória ao decoro parlamentar e falta de dignidade para com a Câmara Municipal de Jataizinho e também colaborar para o bom funcionamento e zelar pela imagem do Legislativo.

Além de Barbosa, o grupo tem Vânia Patrícia (Cidadania) como presidente e Cícero Guimarães (PDT), o Gordo, na condição de membro. A sessão de segunda-feira não teve a presença do outro vereador envolvido na votação remota feita diretamente das areias de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Segundo uma fala do presidente na reunião, Antonio Brandão (PDT) alegou problema de saúde para não estar no encontro.

Colegas silenciam sobre caso

O episódio envolvendo Barbosa e Brandão não repercutiu na sessão de segunda-feira, a primeira realizada depois do fato. Entre os sete vereadores presentes, nenhum deles se manifestou na reunião ordinária para falar ao público a respeito da conduta dos colegas. Quanto ao novo salário, somente Guilherme da Silva (Pros), o Irmão Guilherme, saiu em defesa da medida, que, com base em um índice de inflação de 5,93%, elevou os vencimentos dos parlamentares de R$ 5,1 mil para R$ 5,4 mil.

A participação da dupla na votação que reajustou os vencimentos conforme a inflação ocorreu em janeiro, em duas sessões extraordinárias, uma logo após a outra, em meio ao período de recesso da Câmara. Dias depois, em um áudio de WhatsApp, Brandão proferiu xingamentos contra a população de Jataizinho. “[...] Eu não ajudo mais ninguém também. Vai todo mundo tomar no c*”, disse, entre outros impropérios.

Procurado pela FOLHA na tarde desta quinta-feira (09), Antonio Brandão não quis gravar entrevista, mas, em um rápido contato telefônico, reforçou sua posição defendida anteriormente ao apontar que não teria cometido ilegalidade ao dar seu voto da praia. Já Bruno Barbosa disse que falaria com a reportagem no fim da tarde, porém, contatado novamente, não atendeu a ligação.

A FOLHA também tentou ouvir o presidente do Legislativo de Jataizinho, Laércio Quitério (Pros), só que o pedido de entrevista feito por meio da diretoria da Casa não foi respondido até o fechamento da matéria.

Vereadores prestarão depoimento ao MP

Já o inquérito civil conduzido pelo MP pode ter novos desdobramentos a partir da próxima semana, quando Barbosa e Brandão serão ouvidos em depoimento marcado pelo promotor responsável pelo caso, Bruno Vagaes, de Ibiporã. A oitiva está marcada para a próxima quinta-feira (16), às 14h.

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