O vereador e ex-secretário de Educação de Guarapuava Pablo Almeida (PP) e um engenheiro civil do município foram alvos de operações do MPPR (Ministério Público do Paraná) deflagradas nesta segunda-feira (1°). A investigação apura indícios dos crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, fraude a licitações e organização criminosa por servidores públicos em Guarapuava.

As ações são conduzidas por meio dos Núcleos de Guarapuava do Gepatria (Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

As Operações Abecedário e Fogo no Parquinho tratam de investigações sobre crimes praticados no contexto de licitações e contratos formalizados com o município de Guarapuava entre 2021 e 2023. Foram cumpridos 34 mandados de busca e apreensão nas cidades de Guarapuava, Curitiba, São José dos Pinhais, Cascavel e Foz do Iguaçu, no Paraná, e também em São José, Agronômica, Braço do Trombudo e Rio do Sul, em Santa Catarina.

ABECEDÁRIO

Na Operação Abecedário foram executados 26 mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara Criminal de Guarapuava. Entre os alvos estão Pablo Almeida, um engenheiro civil do município e familiares dos dois agentes públicos, suspeitos de receberem propina. Os demais são seis empresas e nove pessoas vinculadas a um conglomerado empresarial que teriam realizado os pagamentos.

"Verificou-se que as empresas, embora fossem do mesmo grupo e se submetessem a uma mesma administração, simulavam ser independentes por meio da constante criação de pessoas jurídicas no nome de funcionários do grupo que atuavam como laranjas", afirma o MP. "Elas simulavam se enfrentar em certames licitatórios, apresentando descontos que por vezes superaram 50%, suspeitos de inexequibilidade."

"Com este subterfúgio – e o auxílio de agentes públicos – ao menos desde 2021 vem sendo reiteradamente contratadas pelo Município para manutenção e conservação prediais de escolas e outros prédios públicos municipais, em licitações com objeto genérico (sem definição de exatamente quais reformas e melhorias seria executadas) e valores milionários", acrescenta.

O ex-secretário é suspeito de ter recebido R$ 12 mil entre 2021 e 2023 por meio da conta de seu filho, para auxiliar nos ilícitos. Já o engenheiro, que atuou tanto nas licitações quanto na fiscalização dos contratos, teria recebido montantes que superam R$ 135 mil por meio das contas bancárias dos companheiros de seus sogros, esposa e credores da empresa de engenharia familiar, nos anos de 2021 e 2022.

FOGO NO PARQUINHO

Outros oito mandados vinculam-se à Operação Fogo no Parquinho e tiveram entre os alvos o mesmo engenheiro civil da Operação Abecedário, bem como familiares e a empresa de engenharia dele. Nesta segunda operação, foram encontrados indícios de fraude a licitação e no contrato decorrentes do Pregão Eletrônico nº 197/2021, realizados pelo município para fornecimento e instalação de playgrounds (parquinhos infantis) em escolas de ensino fundamental e centros municipais de educação infantil de Guarapuava.

"Verificou-se que todas as empresas participantes da fase interna e externa do certame tinham vinculação e que sua participação simultânea teria sido facilitada pelo engenheiro civil. A empresa contratada para o fornecimento dos playgrounds, dois sócios e seu representante na licitação também são objeto de busca e apreensão", completa o MP.

RESPOSTA

A Câmara de Guarapuava confirmou, por meio de nota, que o mandado de busca e apreensão foi realizado no gabinete do vereador. “Informa-se ainda que a Câmara Municipal de Guarapuava e seus servidores colaboram integralmente com as determinações judiciais”, diz o texto. “Pablo Almeida assumiu o cargo de vereador em 01 de abril de 2024, após período licenciado, enquanto esteve à frente da Secretaria Municipal de Educação.”

De acordo com a assessoria do vereador, ele está aguardando ter acesso aos documentos da investigação, através de seus advogados, para poder se posicionar e dar uma declaração fundamentada sobre o caso.

Procurada, a Prefeitura de Guarapuava não retornou o contato. (Com informações da assessoria do MPPR)