A londrinense Marcia Lopes espera iniciar os trabalhos na equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até segunda-feira (14). Ela ficará em Brasília (DF), no Centro Cultural Banco do Brasil, junto com os demais escolhidos para fazer parte da equipe. A ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome entre 2010 e 2011, no segundo mandato de Lula, foi anunciada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) como uma das coordenadoras da área social na terça-feira (8).

A ex-ministra de Lula durante audiência pública virtual promovida pela Câmara dos Deputados em 2021
A ex-ministra de Lula durante audiência pública virtual promovida pela Câmara dos Deputados em 2021 | Foto: Reila Maria/Câmara dos Deputados

Lopes estará ao lado da senadora Simone Tebet (MDB), do deputado estadual mineiro André Quintão (PT) e da ex-ministra Tereza Campelo. “Recebi o telefone da Gleisi (Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores) dizendo que o presidente Lula havia feito o convite. Teria que ser uma reposta rápida, aguardaram minha posição e foi positiva”, contou à FOLHA.

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Professora aposentada da UEL (Universidade Estadual de Londrina), é formada em assistência social pela instituição. Foi vereadora pela cidade de 2001 a 2004 e candidata a prefeita nas eleições de 2012, terminando em terceiro lugar no pleito. Anos antes, em 2007, havia assumido no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) o cargo de coordenadora da Rede de Pobreza e Proteção Social dos países da América Latina e Caribe.

Para Marcia Lopes, o maior desafio da transição e, principalmente, do próximo governo será recompor o orçamento da assistência social. “A assistência foi desmontada do ponto de vista orçamentário. O ministério (de Combate à Pobreza) hoje está no Ministério da Cidadania, com uma série de outras políticas públicas. Sabemos que teremos um esforço hercúleo para reconstruir a assistência social, resgatando o pacto federativo, considerados estados e município”, avaliou a ex-ministra, que nesta quarta-feira (9) cumpria agenda em Santa Catarina.

De acordo com dados do Portal da Transparência, o Governo Federal tem um orçamento, neste ano, de R$ 197,78 bilhões para a área de atuação da assistência social. Em 2020 foram investidos R$ 463,16 bilhões. Ou seja, a redução em dois anos foi de 57,4%.

Dados do Congemas (Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social) mostram que a verba federal para auxiliar no financiamento do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), que era de R$ 3,4 bilhões em 2015, está prevista em cerca de R$ 28 milhões no ano que vem, segundo foi indicado na peça orçamentária enviada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) ao Congresso.

“O presidente Lula já anunciou que o principal objetivo é tirar a população da situação de fome. Para combater a fome temos que assegurar renda às famílias, com o Bolsa Família (hoje Auxílio Brasil) de R$ 600 mais R$ 150 por criança, enfrentamento imediato do custo dos alimentos, atualização do salário mínimo e resgatar a importância estratégica do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), para trabalhar com o SUS (Sistema Único de Saúde), Educação, Cultura e Esporte”, elencou.

POSSIBILIDADE DE MINISTÉRIO?

A londrinense espera que as conversas com a atual equipe de assistência do governo sejam profícuas. Também descartou ter sido chamada para fazer parte de ministérios a partir de janeiro do ano que vem. “A minha expectativa é responder por esse momento de transição. Não tinha expectativa de estar lá e agora vou com muita honra. O governo tem uma frente ampla de partidos, colaboradores, quadros preparados. Vou estar na retaguarda, ajudando, até dezembro”, garantiu.

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