São Paulo - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez nesta quarta-feira (3) uma postagem em suas redes sociais na qual ataca o presidente Lula (PT) e cita o que considera uma série de feitos de sua gestão no governo federal.

Bolsonaro comandou o país de 2019 e 2022 e perdeu a reeleição para Lula, um fato inédito entre presidentes que disputaram a eleição no cargo.

"Qualquer inocente sabe que o filho do sistema não está com suas faculdades mentais normais. Um indivíduo dominado pelo ódio, pela mentira e pela traição", afirmou Bolsonaro na postagem.

"Desejamos a ele, como ser humano, que melhore o mais rápido possível para o bem do Brasil. Enquanto isso a picanha que virou abóbora agora se transformou em pé de galinha. O chefe da organização então taca imposto na cervejinha e na picanha, os principais produtos que fez campanha enganando o eleitor."

Bolsonaro em seguida lista o que considera feitos de seu governo e conclui: "Hoje, o sistema voltou".

Um dia antes, Lula disse que o ex-presidente nunca mais voltará à Presidência da República. "[Bolsonaro] perdeu. Perdeu as eleições e eu vou contar uma coisa para vocês: não volta mais", disse Lula em entrevista à rádio baiana Sociedade.

"Porque esse povo vai ter que aprender a gostar da democracia, vai ter que aprender a conviver de forma civilizada, de forma educada, um respeitar o outro", completou o presidente.

Bolsonaro foi condenado pela Justiça Eleitoral em duas ações, ambas em 2023: a primeira pela reunião feita no Palácio da Alvorada com embaixadores para deslegitimar o sistema eleitoral. A segunda, sobre uso da comemoração do 7 de setembro de 2022 para fazer campanha eleitoral.

Sua condenação pela Lei da Ficha Limpa durará até 2030. A defesa de Bolsonaro recorreu ao Supremo nos dois casos. Ela tem até 2026 para esgotar os recursos na corte.

Na semana passada, quando questionado em entrevista sobre a possibilidade de o ex-presidente voltar a disputar o cargo em 2026, Lula havia dito que não iria "vetar" uma candidatura adversária.

FRITURA DE EX-ALIADO

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vem se afastando de seu braço-direito, o ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social de seu governo, Fabio Wajngarten, alvo de fritura pelo entorno do ex-mandatário.

Advogados e aliados políticos próximos de Bolsonaro ouvidos pela reportagem afirmam que houve quebra de confiança por parte de Wajngarten. Eles dizem que o ex-assessor tem agenda própria, nem sempre alinhada aos interesses do ex-presidente.

Procurado pela reportagem, Wajngarten não quis comentar.

A fritura acontece às vésperas de a Polícia Federal concluir o inquérito que investiga se Bolsonaro vendeu joias de alto valor oferecidas a ele por autoridades estrangeiras. O ex-assessor corre o risco de ser indiciado neste caso, sobre o qual ele nega qualquer participação ilegal.

Muito próximo ao ex-presidente, Wajngarten costuma acompanhá-lo em viagens. Em maio, por exemplo, o ex-assessor esteve com o vereador Carlos Bolsonaro em visita ao Rio Grande do Sul, em meio às enchentes no estado. Nesta semana, porém, Wajngarten não acompanhou Bolsonaro em visita ao Pará. Os dois, ainda assim, seguiram se falando nos últimos dias.

O ex-assessor, apesar de estar envolvido na pré-campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato de Bolsonaro na capital paulista, também não participou do processo que sacramentou na vice do emedebista o indicado do ex-presidente, o coronel da reserva Ricardo Mello Araújo (PL).

No meio de junho, o ex-Rota foi levado a Nunes por Bolsonaro e pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em almoço na prefeitura. Wajngarten, desafeto de Mello Araújo, não esteve presente.

Também há desconfianças entre Tarcísio e o ex-assessor de Bolsonaro. Pessoas que conversam com o governador afirmam que Wajngarten fez pressão para ser escolhido como secretário de Comunicação da gestão estadual, sem sucesso.

Políticos do entorno do governador e do ex-presidente também dizem que o ex-assessor tem ciúmes de Tarcísio, que atua para distensionar a relação de Bolsonaro com o STF (Supremo Tribunal Federal) -pontes que Wajngarten trabalhava para construir.

Parte dos aliados de Bolsonaro avalia que o ex-assessor tem um perfil centralizador e que se vale de sua influência sobre o ex-presidente para benefício próprio. Eles temem que Wajngarten se torne um "homem-bomba" caso seja indiciado pela Polícia Federal.

Espécie de "faz-tudo" do ex-presidente, além de mediar a relação com a imprensa, o ex-assessor passou a atuar como seu porta-voz jurídico em alguns processos. (Colaboraram Ana Luiz Albuquerque e Cátia Seabra/Folhapress)