A Divisão de Polícia Especializada da PCPR (Polícia Civil do Paraná) abriu um procedimento para investigar as condutas do empresário Tales de Carvalho, filho do escritor Olavo de Carvalho, acusado pela ex-mulher Calinka Padilha de Moura de tortura, estupro e violência psicológica. O caso veio à tona após o colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, divulgar uma série de entrevistas em que Calinka relata as agressões.

Procurada pela FOLHA nesta terça-feira (2), a Polícia Civil do Paraná confirmou que está reunindo elementos para retomar a investigação sobre as denúncias feitas por Calinka.

"Entre as primeiras medidas em andamento estão a busca pelo contato da mulher, que chegou a registrar um Boletim de Ocorrência Online no Estado relatando ameaça, mas não chegou a representar contra o autor. A investigação também buscará eventuais outros crimes cometidos no Paraná e será coordenada pela delegada Luciana de Novaes, chefe da Divisão de Polícia Especializada da Polícia Civil do Paraná", disse a PC em nota.

De acordo com a Polícia Civil, todas as diligências cabíveis foram tomadas em relação aos fatos. No entanto, pelo boletim de ocorrência ter sido registrado como crime de ameaça, é necessária a representação da vítima para prosseguir com o procedimento.

"A PCPR tentou localizar a mulher por diversas vezes, inclusive entrando em contato com sua mãe e com seu advogado, porém a mesma não compareceu à delegacia para dar andamento ao procedimento. A Casa da Mulher Brasileira mantém registro de todas as mulheres que buscam atendimento na Delegacia da Mulher, sendo necessário tal cadastro antes de ser atendida pela Polícia Civil. Não há registro de que a vítima tenha comparecido presencialmente ao local", afirmou à FOLHA.

ENTENDA AS DENÚNCIAS CONTRA TALES DE CARVALHO

Na última semana, o colunista Guilherme Amado publicou uma série de reportagens com denúncias de mulheres que relataram episódios de violência física, sexual ou psicológica cometidos por Tales de Carvalho. Entre as vítimas, estão Calinka e duas filhas do casal, Julia Moura de Carvalho e Ana Clara Moura de Carvalho. A ex-mulher do empresário, atualmente, vive em Curitiba.

Calinka casou com Tales em 1997, quando ela tinha 18 anos e ele 22. Segundo a coluna, a ex-mulher contou que, durante o casamento, o empresário passou a se relacionar com uma adolescente e que a levou para morar sob o mesmo teto do casal.

Calinka chegou a separar dele em 2006, mas retomou o relacionamento em 2007 após ameaças. A partir desse retorno, começaram os episódios de tortura e estupros, segundo a ex-mulher. Em algumas ocasiões, Tales teria agredido as "duas esposas" com fios de telefone.

"Ardia que nem fogo. Ele disse que havia pesquisado que o fio de telefone no corpo molhado era bom porque doía mais e não deixava marca”, disse Calinka na entrevista ao colunista.

Calinka decidiu separar definitivamente de Tales em 2021. O empresário detém a guarda de uma das filhas do casal, atualmente com 14 anos.

Em resposta à FOLHA, o advogado Frank Romualdo Reche Maciel, que representa o empresário, informou que "quanto às acusações feitas a Tales por sua ex-mulher Calinka, as quais já havia divulgado amplamente em 2021, convém recordar que foram utilizadas por ela para tentar privá-lo da guarda da filha menor. A justiça não deu crédito a essas mentiras, a guarda foi decidida em favor de Tales e Calinka se comprometeu com não repeti-las em troca da extinção de duas queixas-crime (vã promessa, como se vê)".