Entidades que representam jornalistas e veículos de imprensa vieram a público nos últimos dois dias para repudiar a resposta agressiva do presidente Jair Bolsonaro a um repórter do jornal O Globo. Ao ser questionado pelo jornalista sobre o escândalo envolvendo o ex-assessor Fabrício Queiroz e depósitos no valor de R$ 89 mil na conta da primeira dama do país, Michelle Bolsonaro, o chefe da nação disse que tinha “vontade” de “encher a boca” do repórter de “porrada”.

A Folha de Londrina também repudia qualquer atitude que incentive a violência ou a censura a jornalistas. Uma das principais ferramentas do repórter para cumprir o dever de levar informação para o público é justamente “perguntar” às fontes envolvidas.

É natural que muitas dessas perguntas não sejam bem recebidas ou não agradem ao interlocutor. Mas deixar de questionar seria uma falha na missão de levar informação ágil, verdadeira e de credibilidade para a população.

O desagravo à reação extrema do presidente veio também da sociedade. Em menos de 24 horas, o Twitter havia registrado mais de um milhão de mensagens repetindo a pergunta feita pelo repórter a Bolsonaro.

Cabe usar esta oportunidade para lembrar o papel da imprensa na construção de uma sociedade democrática. Recentemente, de maneira preocupante, percebe-se o fortalecimento de ecos de um discurso que não vê com bons olhos o papel fiscalizador dos órgãos jornalísticos.

Trata-se de uma responsabilidade da qual a imprensa não pode fugir: manter o cidadão informado e dar a ele dados para acompanhar de maneira crítica e analítica as ações de quem está no poder. É disso que depende a construção de um regime democrático. E o país aguarda ansiosamente por esclarecimentos.

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