A pandemia do novo coronavírus impactou de maneira importante o setor do empreendedorismo a ponto de seis entre dez empreendedores brasileiros serem obrigados a se reinventar para permanecerem no mercado.

A crise atingiu empreendedores e empreendedoras de forma bem parecida, como mostrou uma pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas), alvo de reportagem da FOLHA nesta segunda-feira (5). Contudo, há um detalhe: a crise impactou levemente mais as mulheres, já que 78% delas registraram queda no faturamento mensal de suas empresas contra 76% dos empreendedores.

Só que a mesma pesquisa mostrou que na hora de dar a volta por cima e superar as adversidades, as mulheres conseguiram se sair melhor. Segundo o estudo, a maioria delas (71%) recorreu às redes sociais, aplicativos ou internet para vender seus produtos. Entre os homens, o índice foi de 63%.

A presença de mulheres empreendedoras cresce no mercado. Seja por ideal, ou por necessidade, o sexo feminino mostra que também quer administrar sua própria empresa ou negócio.

Para especialistas ouvidos pela FOLHA, o maior número de mulheres que conseguiram se reinventar com a pandemia não resulta simplesmente uma questão de gênero. A escolaridade, a idade e o “jogo de cintura” foram fatores que as ajudaram a dar a volta por cima.

A 7ª Pesquisa sobre o Impacto nos Pequenos Negócios, realizada entre os dias 27 e 31 de agosto, apontou que 63% das empreendedoras têm o ensino superior incompleto ou mais ante 55% dos homens com esse nível de escolaridade. As mulheres no comando das empresas também são mais jovens – 24% delas têm até 35 anos contra 18% deles. A pesquisa apontou ainda que as entrevistadas tinham perfis ligados às dinâmicas de transformação digital e estavam mais conectadas.

As empreendedoras vêm conquistando espaço no mercado, mas ainda há muito o que melhorar no sentido de criar um ambiente de concorrência saudável, em que elas não enfrentem desafios apenas por serem mulheres.

Infelizmente, as meninas não são preparadas desde cedo para empreender, como acontece com os meninos. Enquanto as garotas são incentivadas a brincar de boneca e de cuidar da casa, os garotos ganham brinquedos de montar e são mais estimulados a competir. É também uma questão cultural.

O mundo do empreendedorismo é mais desafiador para as mulheres. A sociedade está acostumada a ver mais homens que mulheres em posição de gestão dos negócios. E como implica em mudança cultural, é preciso que ela comece nas famílias e escolas o mais cedo possível.

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