As escolas, para além da sua função primordial educativa, têm um papel importante na vida de crianças e adolescentes, e a ausência prolongada dela tem acarretados graves consequências em suas vidas, principalmente em sua saúde mental.

Temos recebido relatos de famílias e profissionais do aumento de casos de estresse agudo (roer unhas em excesso, por exemplo), compulsão alimentar, problemas no sono, irritabilidade...

É na escola que a criança experimenta vivências de socialização diferentes daquelas que tem na família, é onde pode construir laços afetivos seguros com figuras importantes como os professores, o que possibilita o aprendizado.

É na escola também - na convivência diária com os pares, as outras crianças, seus semelhantes - que ela vai experimentar sentimentos de amizade, competição, colaboração, dentre outros, e assim vai se construindo de uma maneira cada vez mais complexa a socialização.

Sabemos que o impacto da pandemia na vida das famílias, das crianças e dos adolescentes é muito abrangente, e sabemos que talvez nem todos poderão, neste momento, retomar o ensino presencial.

Porém, é hora de pensarmos em soluções que viabilizem a volta da escola presencial, de maneira segura para todos os envolvidos e como a ciência tem demonstrado que é possível.

A infância é um tempo de vivências singulares e marcas importantes na subjetividade, e a escola é parte importante nisso.

Não vamos nos furtar, enquanto sociedade, de garantir que a educação tenha seu papel fundamental na vida das crianças e adolescentes já afetados de tantas formas negativas.

Júlia Carolina Bosqui (Psicóloga) Londrina