As semanas que antecedem as eleições de 2024 ganham mais uma discussão acalorada: a volta do horário de verão ainda este ano. Há poucos dias, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) recomendou pela aplicação da medida, reacendendo um um debate relevante sobre a gestão do consumo de energia no Brasil.

A medida foi sugerida em meio a uma seca histórica que afeta o país e visa aliviar a pressão sobre o sistema elétrico, especialmente nos momentos críticos entre o final da tarde e o início da noite. A proposta foi apresentada ao Ministério de Minas e Energia e agora segue para análise de outros órgãos governamentais, com uma possível definição em breve, cerca de 10 dias, como informou o titular da pasta, ministro Alexandre Silveira.

O principal objetivo do retorno do horário de verão seria a redução da demanda energética nos horários de pico. Com a diminuição da produção de fontes renováveis, como a solar e a eólica, ao fim do dia, o consumo aumenta significativamente à medida que a população retorna para casa e utiliza diversos aparelhos elétricos. Para o ministro de Minas e Energia, a medida poderia mitigar essa sobrecarga, embora ele ressalte que não há risco iminente de crise energética, graças ao planejamento atual.

Devido a todas as implicações que dizem respeito à organização das eleições municipais, o governo federal estuda adiar a decisão até após as votações de outubro, atendendo a um pedido da presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Cármen Lúcia. A preocupação está na complexidade logística que o adiantamento dos relógios poderia causar durante o processo eleitoral.

Essa discussão também divide a opinião de diferentes setores econômicos e da sociedade em geral. Enquanto bares e restaurantes enxergam na medida uma oportunidade de estender suas operações e estimular o consumo, companhias aéreas expressam preocupações quanto à reprogramação de voos internacionais, o que poderia gerar dificuldades operacionais. Além disso, o aumento recente nas contas de luz, em decorrência da seca, já afeta a população e ameaça pressionar ainda mais o custo de vida, especialmente no que se refere aos preços dos alimentos.

O retorno do horário de verão não é uma solução definitiva para os desafios do setor energético, mas é uma tentativa de equilibrar demanda e oferta em um cenário de adversidades climáticas. Agora cabe ao governo avaliar se a medida é realmente necessária ou se outras ações poderão trazer resultados mais eficazes e duradouros, como o incentivo ao uso de fontes alternativas de energia ou o aprimoramento da infraestrutura elétrica.

Independentemente da decisão, é imperativo que o país invista em estratégias de longo prazo que garantam a segurança energética, mantendo a estabilidade do sistema sem sacrificar o bem-estar da população.

Obrigado por ler a FOLHA!