A decisão do governo federal de não instituir o horário de verão neste ano, anunciada nesta quarta-feira (16) pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, revela cautela e análise técnica diante de uma medida que costuma ser polêmica e gera debates tanto no setor energético quanto na sociedade.

No Brasil, o adiantamento dos ponteiros foi instituído pela primeira vez em 1931, no governo do ex-presidente Getúlio Vargas. De uma maneira simples, o objetivo é economizar energia elétrica, aproveitando a luz solar por mais tempo. A medida não era adotada todos os anos e em 1968, durante a ditadura militar, o então presidente Artur da Costa e Silva suspendeu "definitivamente" o horário de verão.

A deliberação, que costuma desencadear manifestações apaixonadas ou reclamações acaloradas, foi retomada em 1985 pelo ex-presidente José Sarney para estados da região Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Em 2019, no governo de Jair Bolsonaro, após análises mostrarem que mudanças no padrão de consumo da população diminuíram a eficácia do horário de verão, a medida foi cancelada. Agora, a proposta foi novamente avaliada devido à severa seca enfrentada pelo país este ano, a pior já registrada, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.

Embora a suspensão do horário de verão para este ano tenha sido baseada em critérios técnicos e na inviabilidade de uma implementação efetiva no curto prazo, o debate sobre a sua relevância permanece. É uma medida que, segundo o governo, pode retornar em 2025, dependendo da evolução da crise hídrica e das condições energéticas.

É preciso aproveitar o momento e abrir espaço para uma reflexão mais ampla sobre o planejamento energético do país. Fortemente dependente de hidrelétricas, o Brasil precisa estar preparado para enfrentar crises com flexibilidade e inovação e pensar em soluções a longo prazo e não apenas em resolver os problemas imediatos do fornecimento de energia.

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