Um concurso nacional promovido em 2007 brindou com esperança a vocação de Londrina para as artes ao escolher um projeto arquitetônico para o seu tão sonhado Teatro Municipal. A proposta escolhida previa 22 mil metros quadrados de infraestrutura, com um auditório principal para aproximadamente 2.400 pessoas e uma “caixa preta” com mais 700 lugares. O total estimado para construção era de R$ 80 milhões.

A empreiteira responsável fez apenas a primeira parte, com custo de R$ 8,5 milhões, porém, abandonou os trabalhos em 2014 com 10% de execução – como terraplanagem e infraestrutura de base das fundações - alegando a falta de quitação do valor devido de duas parcelas por parte do Ministério da Cultura.

Começou aí uma novela prestes a completar nove anos com capítulos de um sonho que tenta resistir ao abandono. O espaço que serviria para fomentar a cultura de Londrina e abrigar os grandes espetáculos hoje faz parte da paisagem da zona leste da cidade como símbolo do descuido.

É quase uma década sem nenhum tipo de intervenção pública para andamento da obra. Desde então, as únicas mudanças foram na condição da estrutura, que está totalmente vandalizada e pode ser acessada por qualquer pessoa.

Quem passa diariamente pelas proximidades do esqueleto de concreto diz se preocupar com a insegurança. “Todo o dia é um entra e sai de pessoas em situação de rua, de gente que vem pichar o que ainda consegue. A noite não arrisco passar perto deste ‘elefante branco´”, comentou uma mulher que trabalha próxima ao terreno.

Reportagem da FOLHA esteve no lugar e constatou muito lixo e sinais de que pessoas estão dormindo no que foi edificado. Há quase seis anos, a prefeitura anunciou que o Ministério da Cultura havia liberado a segunda parcela, de R$ 2,6 milhões. De acordo com o secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini, o poder público londrinense deverá contratar o arquiteto responsável pelo projeto para que faça adaptações.

A ideia da prefeitura seria fazer o teatro de maneira modular. A prioridade seria a ‘caixa preta’ de 700 lugares. O recurso para o término da construção seria buscado junto ao governo federal e até mesmo por parcerias com o setor privado.

Há décadas Londrina sonha em ganhar um Teatro Municipal moderno, de qualidade internacional, que coloque a cidade na rota de grandes espetáculos e ofereça mais uma opção de palco para os artistas locais e também para os festivais que marcam a cena cultural de Londrina.

A conclusão da obra e o início do funcionamento do Teatro Municipal também significará um avanço importante na proposta de revitalização do centro da cidade.

Poder público, empresários, comerciantes e representantes políticos de Londrina junto aos governos estadual e federal precisam assumir o Teatro Municipal como um projeto próprio, essencial para a cidade, trabalhando pela finalização da edificação e por condições financeiras e administrativas para que ele entre em funcionamento.

Sabemos que em tempos de crise, o "apagar das luzes" acomete primeiro a cultura e a preservação do patrimônio histórico. Exemplos pelo Brasil não faltam. Mas não precisa ser assim. Tanto se fala na importância de despertar na sociedade o sentimento de pertencimento. É justamente na história e na cultura que estão algumas das principais ferramentas de identificação do cidadão com a sua comunidade, com o seu passado e na construção de um futuro melhor.

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