Um adolescente de 13 anos protagonizou um ataque a faca em uma instituição de ensino da cidade de São Paulo, deixando perplexa toda a comunidade da Escola Estadual Thomazia Montoro, que tenta entender as razões que levaram o aluno do local e desferir facadas contra uma professora pelas costas e depois se lançar sobre outros estudantes e docentes.

A professora de ciências Elizabeth Tenreiro, de 71 anos, a primeira a ser atacada pelo jovem, não resistiu aos ferimentos e morreu. Além da docente, o estudante feriu outras três professoras e dois colegas com golpes de faca - eles não correm risco de morte, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de SP.

O caso é mais um alerta para o aumento da violência nas escolas, com casos de agressão física se tornando mais comuns. Em coletiva, o secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, lembrou que só em março a polícia precisou conter ataques nas cidades de São José dos Campos, Caçapava, Tupã e Monte Mor.

Depois do ataque desta segunda-feira, investigações policiais constataram que o adolescente dava pistas de que iria realizar o crime desde o último domingo (26). Em sua página no twitter, o jovem era encorajado por vários outros usuários, com perfis parecidos, que curtiam e comentavam os posts. Um deles chegou a se definir como "mentor" e disse estar orgulhoso ao compartilhar a notícia do atentado.

"Irá acontecer hoje, esperei por esse momento minha vida inteira, tomara que consiga alguma kill (morte, em inglês) pelo menos, minha ansiedade começa a atacar por causa disso. Enfim... me desejem boa sorte", escreveu momentos antes do ataque.

Como a página era privada, apenas os "amigos" tinham acesso ao conteúdo e a polícia descobriu os posts ao periciar o celular do agressor. Mas o secretário adiantou que qualquer pessoa que tenha curtido, comentado ou sequer clicado nessas publicações será investigado. No nome de usuário, ele carregava o sobrenome Taucci, de Guilherme Taucci, autor do massacre de Suzano em 2019.

Os investigadores também confirmaram que o agressor teve um embate com outro aluno no final da última semana, quando ele teria disparado ofensas racistas ao colega.

Em meio à perplexidade pelo ataque, a ação corajosa de uma professora fez a diferença para interromper o ataque. Imagens de uma câmera de segurança mostraram Cinthia Barbosa, docente de educação física, imobilizando o adolescente enquanto outra professora tirava a faca das mãos dele e a máscara do rosto, mantendo-o imóvel até a chegada da polícia.

É preciso refletir se a ocorrência com mais frequência desse tipo de ataque a escolas no Brasil demonstra que o país está reproduzindo um cenário tão comum nos Estados Unidos - inclusive nessa segunda-feira (27) uma atiradora matou sete pessoas em uma escola em Nashville, Tennessee.

Especialistas vêm alertando que o maior acesso a armas por civis, compartilhamento de informações nas redes sociais (muitas vezes em fóruns secretos) e a saúde mental dos adolescentes podem levar a repetição desses crimes. O enfrentamento demanda ações conjuntas entre escola, família e toda uma rede de proteção social. É preciso agir imediatamente para interromper esse padrão de violência que faz das escolas um ambiente de insegurança.

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