Para quem está acostumado a sambar até o sol nascer, o Carnaval de 2021 bateu como o toque de um surdo num momento triste. O Sambódromo permanece vazio e, além do Rio de Janeiro, capitais tradicionalmente carnavalescas, como Recife e Salvador, passam o que seria um feriado barulhento e cheio de alegria com ruas vazias.

Em Londrina, guardadas as proporções, não é diferente. Nenhum bloco na avenida, mais precisamente, "nem um gato na rua", como diriam nossos avós, já que por decreto municipal os bares também permaneceram fechados e não sem razão. Pela segunda vez consecutiva, no mês de fevereiro, os leitos Covid SUS da cidade chegaram a 100% de lotação neste fim de semana, conforme matéria publicada na FOLHA nesta segunda-feira (15). E no Brasil o cenário se fecha ainda mais, com quase 240 mil mortos pela Covid, sendo que, nas estatísticas mais pessimistas, pensava-se em 200 mil mortos como um ápice de tragédia nacional. Mas os números, infelizmente, estão indo além.

Enquanto isso, sentimos alívio a cada campanha de vacinação, a cada chamada dos serviços públicos em cada município que aguarda ansiosamente que a imunização chegue logo aos 70% da população para termos uma margem de garantia de que pandemia estará sob controle. Mas estamos longe disso, estima-se que até agora apenas 3% da população brasileira esteja vacinada e faltam vacinas em capitais importantes como o Rio de Janeiro, o mesmo Rio do samba, onde carnavalescos teimosos insistem em se aglomerar na orla, embora as estatísticas recomendem, como nunca, o isolamento.

O fato é que neste Carnaval nos dividimos entre notícias boas e ruins. De bom temos a pesquisa nacional, nem sempre contemplada com recursos à altura de sua importância, anunciando que vem aí vacinas genuinamente brasileiras: casos das universidades públicas, como a Universidade Federal do Paraná e a Federal de Minas Gerais, empenhadas nestes estudos vitais para todos. Vem ainda da USP - Universidade de São Paulo - a boa notícia de que estão formulando uma vacina contra a Covid-19 em spray, isso mesmo spray, a ser dada em quatro doses, uma em cada narina, num intervalo de poucos dias entre uma dose e outra. A expectativa é que esta vacina fique pronta daqui a um ano e meio, quando nas melhores estimativas, já teremos superado a pandemia, mas ainda precisaremos ser imunizados contra a Covid que deverá se tornar doença para a qual deveremos nos imunizar a cada ano, como no caso das gripes.

De ruim, resta o silêncio de um Carnaval triste ,sim. Com cada um isolado como deve e pode. Outros ainda estão trabalhando como no caso dos funcionários da saúde e da imprensa, tão necessários quanto as campanhas que clamam por mais vacinas para que, em 2022, possamos soltar este grito de Carnaval preso na garganta.

A FOLHA deseja saúde e compreensão para com o isolamento social necessário a todos os seus leitores!