Bratislava - O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, está em condição crítica após levar "vários tiros", informou o governo após uma reunião de gabinete nesta quarta-feira (15), reportaram fontes oficiais. A agressão foi condenada de forma veemente pela comunidade internacional.

A presidente da Eslováquia, Zuzana Caputova, anunciou, por meio de nota, que "a polícia prendeu o agressor" e que forneceria mais informações "assim que possível". "Estou chocada, todos nós estamos chocados com o terrível e hediondo ataque", acrescentou.

As imagens obtidas pela AFPTV mostraram um homem de calça jeans algemado no chão. Outras imagens da emissora pública RTVS mostraram uma pessoa em uma maca sendo levada de helicóptero para um hospital.

"Hoje, após a reunião do governo em Handlova, houve uma tentativa de assassinato contra o primeiro-ministro da República Eslovaca, Robert Fico", indicou o governo nas redes sociais.

"Neste momento está sendo transferido de helicóptero a Banska Bystrica em um estado no qual sua vida está em perigo", indicou o governo em nota, que qualificou o ataque de "tentativa de assassinato".

Fico, líder populista acusado de ser próximo do Kremlin, levou vários tiros, segundo uma mensagem publicada em sua página oficial no Facebook. "Podemos confirmar o ataque contra o primeiro-ministro", declarou à AFP o porta-voz da polícia, Matej Neumann.

A diretora do hospital local, Marta Eckhardtova, informou que o primeiro-ministro foi transferido do centro e tratado na unidade de cirurgia vascular, embora sem descrever seus ferimentos.

De acordo com a mídia local, o suspeito do ataque é um escritor de 71 anos. "Não tenho ideia do que meu pai estava pensando, o que ele estava planejando ou por quê", disse o filho do suspeito ao site de notícias eslovaco aktuality.sk.

O presidente eleito da Eslováquia, Peter Pellegrini, disse ter ficado "horrorizado" ao saber do ataque contra seu aliado. "Uma tentativa de assassinato contra um dos mais altos detentores de cargos constitucionais é uma ameaça sem precedentes à democracia eslovaca", acrescentou ele no X.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, também condenou veemente "o ataque vil". "Estes atos de violência não cabem em nossa sociedade e violam a democracia, nosso bem comum mais precioso", afirmou.

"A Espanha está ao lado de Robert Fico, de sua família e do povo eslovaco neste momento extremamente difícil. Nada pode justificar a violência", escreveu o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, no X, dizendo que estava "horrorizado e indignado".

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse que estava "chocado com essas notícias terríveis", e o presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, pediu uma "investigação completa".

"Robert, meus pensamentos estão com você neste momento tão difícil", disse o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.

Além de seu atual mandato como primeiro-ministro, Fico também esteve à frente do governo entre 2006 e 2010, e 2012 e 2018. Desde a sua última eleição, em outubro, Fico fez uma série de comentários que enfraqueceram os laços entre a Eslováquia e a vizinha Ucrânia, por exemplo, questionando a soberania deste país e apelando a um compromisso com a Rússia.

Quando ele foi eleito, a Eslováquia parou de enviar armas para a Ucrânia, que está enfrentando uma invasão russa desde 2022. Durante a campanha eleitoral, ele prometeu que não forneceria a Kiev "uma única bala".

Apesar das relações complicadas, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky condenou "este ato de violência contra o chefe de Governo do nosso estado aliado vizinho".

O presidente russo, Vladimir Putin, classificou o ataque como um "crime hediondo", descrevendo Fico como "um homem corajoso e decidido".