Kingston, Jamaica - O furacão Beryl avança em direção à Jamaica nesta quarta-feira (3), com meteorologistas emitindo alertas sobre ventos potencialmente fatais e maremotos, após deixar pelo menos sete mortos e danos significativos no sudeste do Mar do Caribe.

Beryl chega à Jamaica como um furacão de categoria 4, conforme o último boletim do Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos. Este é o primeiro furacão a alcançar a categoria 4 em junho e o primeiro a atingir a categoria 5 em julho desde o início dos registros do NHC.

Os jamaicanos correram para comprar alimentos, água, gasolina e outros itens essenciais. Nos portos, alguns moradores retiraram barcos da água e os amarraram em cercas. Beryl avança com ventos máximos sustentados de 230 km/h, segundo o NHC.

O primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, decretou um toque de recolher na ilha das 06h às 18h e instou os cidadãos a respeitarem as ordens de evacuação. "Se você vive em uma área baixa, historicamente propensa a inundações e deslizamentos de terra, ou se mora perto de um rio", disse ele em um vídeo postado nas redes sociais, "eu imploro que evacue para um abrigo ou um local mais seguro".

Desmon Brown, gerente do Estádio Nacional de Kingston, afirmou que sua equipe estava se preparando para a passagem do furacão.

"Nós tapamos as janelas, cobrimos nossos equipamentos, incluindo computadores, impressoras e afins. O resto é principalmente concreto, então não há muito mais que possamos fazer", declarou Brown ao jornal Jamaica Observer.

O NHC prevê que Beryl "passará próximo ou sobre" as Ilhas Cayman na noite desta quarta-feira ou na madrugada de quinta-feira. Também foram emitidos avisos de tempestade tropical para a península mexicana de Yucatán.

O furacão deixou pelo menos sete mortos em seu caminho, três deles em Granada, onde a tempestade tocou o solo na segunda-feira; uma em São Vicente e Granadinas e três na Venezuela, de acordo com autoridades locais.

O primeiro-ministro de Granada, Dickon Mitchell, afirmou que a ilha de Carriacou ficou quase isolada, com casas, telecomunicações e instalações de combustível devastadas após a passagem do furacão.

Esta ilha de 35 quilômetros quadrados tem cerca de 9.000 habitantes. Pelo menos duas pessoas morreram lá e uma terceira morreu na ilha principal do país, Granada, quando uma árvore caiu sobre uma casa, informou Mitchell.

Em São Vicente e Granadinas, foi relatada a morte de uma pessoa na ilha de Bequia devido à tempestade. Na Venezuela, três pessoas morreram no estado costeiro de Sucre, onde dois homens e duas mulheres também foram relatados como desaparecidos.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou nesta quarta-feira que o furacão Beryl poderia colocar em perigo pelo menos três milhões de crianças e adolescentes no Caribe, danificando espaços seguros para eles, incluindo suas casas e escolas.

"À medida que o furacão Beryl continua seu caminho pelo Mar do Caribe, todos os esforços devem ser feitos para evitar perdas de vidas e manter as crianças seguras", afirmou Karin Hulshof, diretora regional da Unicef para a América Latina e o Caribe.

MUDANÇA CLIMÁTICA

Segundo especialistas, é muito raro que uma tempestade tão poderosa se forme tão cedo na temporada de furacões do Atlântico, que vai de início de junho a final de novembro.

As águas do Atlântico Norte estão entre um e três graus Celsius mais quentes que o normal, destacou a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA).

O responsável da ONU para o clima, Simon Stiell, que tem família na ilha de Carriacou, afirmou que a mudança climática está "levando as catástrofes a níveis de destruição sem precedentes".

"Os desastres em uma escala que costumavam ser de ficção científica estão se tornando eventos meteorológicos reais, e a crise climática é a principal culpada", declarou na segunda-feira.