Um surto de Covid-19 atinge, desde sábado (12), 55 pessoas, entre detentos e servidores, na PEL (Penitenciária Estadual de Londrina) 2, na rodovia João Alves da Rocha Loures, na Gleba Ribeirão Cambé, na zona sul. Segundo informações do Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), os casos foram relatados depois que dois presos testaram positivo. Seguindo os protocolos sanitários, os presos foram isolados em galeria específica para essa finalidade e todos os outros custodiados na mesma galeria dos positivados passaram por testagem. Ao todo, 85 presos foram testados, sendo 49 deles positivos. Diante do resultado, toda a galeria se encontra em isolamento. “Esclarecemos que, até o momento, todos passam bem e não necessitam de atendimento em ambiente hospitalar. A maior parte está assintomática ou apresenta sintomas leves da doença. Todos são acompanhados diariamente por profissionais da área da saúde e, também, pela 17ª Regional de Saúde, que monitora o caso”, informou o Depen por meio de nota para a FOLHA.

Imagem ilustrativa da imagem Surto de Covid-19 atinge 55 pessoas em presídio de Londrina
| Foto: Gustavo Carneiro

Entre os servidores que atuam na unidade, seis testaram positivo, foram afastados de suas atividades e, segundo o órgão estadual, se encontram bem de saúde. O Depen afirma ainda que não havia outros casos positivos entre presos nas demais penitenciárias de Londrina. Um relatório divulgado pelo Tribunal de Justiça do Paraná, na terça-feira (15), apontava que os centros prisionais já haviam registrado, até aquela data, 255 casos entre detentos e 36 entre os profissionais. A maior incidência de doentes havia sido no Creslon (Centro de Reintegração Social de Londrina), com 129 pessoas que cumprem regime semiaberto e outros cinco funcionários. O documento faz um panorama da doença entre a população carcerária no Estado. Até a ocasião, 2.385 encarcerados e 521 servidores testaram positivo desde o início da pandemia.

MEDIDAS

O Depen ainda afirmou em nota que adotou diversas medidas de prevenção, como escala diferenciada de servidores, buscando reduzir o número de pessoas trabalhando sem afetar a segurança. Entre as ações estão a higienização de mãos com álcool em gel e lavagem com água e sabonete líquido, utilização de tapetes sanitizantes na entrada do estabelecimento penal e área de contenção, uso obrigatório de máscaras e utilização de luvas descartáveis e aventais, quando necessário. Os locais ainda impõem a aferição de temperatura de todas as pessoas que adentram a unidade penal, além de promoverem desinfecção diária com água sanitária em todos os ambientes da penitenciária. “Estamos fazendo a quarentena até mesmo das entregas que chegam para os detentos pelos Correios. Procuramos seguir todos os cuidados. Felizmente, não tivemos nenhum caso grave e todas as pessoas são atendidas na própria unidade com nossa estrutura”, explicou Reginaldo Peixoto, coordenador regional do Depen e diretor do Creslon.

O Sindarspen (Sindicato dos Policiais Penais do Paraná), em nota, defende que sejam adotadas todas as medidas necessárias para evitar a proliferação de coronavírus no sistema penitenciário. A entidade destaca, no entanto, “que há situações que extrapolam essas necessidades e que por isso defende que sejam considerados todos os alertas das equipes que atuam diretamente nas unidades penais que atravessam situações de crise de forma a evitar uma tragédia para todos os envolvidos”. Como reforço, diz alertar aos policiais penais que, mesmo diante do cansaço de tantos meses em pandemia, sejam mantidas todas as medidas preventivas necessárias para se evitar que a Covid-19 se espalhe no ambiente penitenciário.

SURTOS

O surto na PEL2 é um dos 11 em curso acompanhados pela 17ª Regional de Saúde – nove deles em Londrina, um em Sertanópolis e outro em Centenário do Sul. Entre os conhecidos está o do Cismepar (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema), em que já foi relatada uma morte, e na casa de passagem Ministério de Missões e Adoração Londrina, na zona oeste. Desde o início da pandemia, 50 eventos deste porte foram reportados à Sesa (Secretaria Estadual de Saúde). “Este com toda a certeza é o momento mais preocupante e delicado. Somamos o maior número de surtos em curso desde o princípio e a maioria não se encontra em unidades de saúde. Há uma grande preocupação com a ocupação nos hospitais, conforme a secretaria já vem alertando”, informa a assessora da Regional de Saúde, Fabrícia Martins Januário. “Costumo repetir a frase que já está conhecida: ‘não podemos nos esquecer do vírus porque ele não esquece da gente’. Com a proximidade das festas de fim de ano, é preciso reforçar as medidas de higiene e distanciamento, tão necessárias”, conclui.