O sumiço de crianças relacionado ao uso da internet tem ganhado a atenção dos policiais que atuam no Sicride (Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas) da Polícia Civil do Paraná. Todos os desaparecimentos relacionados a esse tipo de caso foram solucionados nos últimos anos no estado, mas existe sempre a preocupação de que alguma história não tenha final feliz.

Edson Rodrigo Batista da Silva desapareceu 
em Londrina em abril de 1992
Edson Rodrigo Batista da Silva desapareceu em Londrina em abril de 1992 | Foto: Reprodução

No fim do ano passado, uma menina de 11 anos saiu de casa, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, para encontrar um homem que conheceu na internet. A criança foi encontrada dias depois e devolvida ao convívio familiar.

A delegada titular do Sicride, Patrícia Nobre da Paz, ressalta que, muitas vezes, o criminoso aproveita que está do outro lado da tela para inventar um personagem e persuadir a vítima, se passando por adolescente ou algum ídolo.

“Nós temos percebido alguns boletins de ocorrência recentemente se tratando de situações envolvendo redes sociais. Às vezes, essas crianças acabam fazendo contato com pessoas pelas redes sociais e acabam fugindo de casa. Essa é uma situação que nos preocupa bastante ultimamente. São sempre casos que nos geram alerta diante da facilidade das redes sociais para criminosos, pedófilos”, explica à FOLHA.

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Além de monitorar o tempo na internet, é preciso ficar de olho no comportamento do filho. “A gente redobra o alerta para que pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos, ao tempo e ao conteúdo que acessam na internet, para que a gente não tenha que falar em mais crianças desaparecidas em nosso estado”, pontua a delegada.




AUMENTO NO NÚMERO DE DESAPARECIMENTOS


O Paraná teve uma criança desaparecida a cada dois dias no ano passado. O número aumentou 14,5%, se comparado ao ano anterior. Em 2022, foram registrados 182 boletins de ocorrência, enquanto, em 2021, foram 159 comunicados de desaparecimento feitos na Polícia Civil.

A boa notícia é que 100% das ocorrências foram solucionadas em pouco tempo. “Muitos dos nossos casos são resolvidos nas próximas horas, porque na verdade não se tratou de um desaparecimento e sim de uma ausência de informações. Às vezes, a criança foi brincar em outra casa e não avisou os pais. Caso entendamos ser uma situação mais grave, nós deslocamos uma equipe até o local para iniciar as nossas práticas investigativas”, cita.


A delegada atribui o saldo positivo na elucidação dos desaparecimentos à rápida comunicação do fato. “Há um conhecimento popular de que se tem que aguardar 24 horas para o registro de uma ocorrência de desaparecimento. Essa informação não procede, pelo contrário. A orientação da Polícia Civil, principalmente quando falamos de crianças e adolescentes, é que o registro seja feito da maneira mais rápida possível. A partir do momento que aquele familiar detectou que essa criança não retornou ou que fugiu às atividades rotineiras, pode e deve realizar esse registro pela internet ou na delegacia mais próxima”, reforça à FOLHA.





CASOS SEM SOLUÇÃO


Um dos últimos desaparecimentos sem solução aconteceu em 2017. O bebê Brayan Raab Fonseca, de 1 ano e 11 meses, desapareceu em 19 de junho daquele ano, em Cerro Azul, na Região Metropolitana de Curitiba. A mãe Katrini Raab Rocha já relatou diversas vezes para a imprensa que perdeu a esperança de encontrar o filho. Brayan é uma das 26 crianças que estão na lista de desaparecidas no Paraná.

A maioria dos registros tem mais de 20 anos ou 30 anos, como o do menino Edson Rodrigo Batista da Silva, que sumiu aos 6 anos de idade, em 5 de abril de 1992, no Parque de Exposições Ney Braga, durante a ExpoLondrina.


O Sicride tem uma equipe focada em casos de desaparecimento como esses. Com auxílio da tecnologia, é feita a Progressão de Idade Digital em que recolhem-se todas as fotografias da criança em questão e as fotografias dos pais em diversas idades. Com base nisso, é elaborado um retrato de como deve ser a aparência atual do desaparecido. A consulta a essas imagens pode ser feita no site do Sicride.


“É importante a gente destacar que, com relação ao desaparecimento de crianças, aquelas até 12 anos incompletos, a Polícia Civil do Paraná conta com uma delegacia especializada, que fica sediada em Curitiba, mas que tem abrangência em todo o estado. Então, qualquer boletim de ocorrência, que foi registrado em alguma cidade do Paraná e que tenha como natureza o desaparecimento, é automaticamente encaminhado para nós aqui em Curitiba, onde temos policiais de plantão para atender única e exclusivamente essas situações”, esclarece Patrícia Nobre da Paz.

O QUE FAZER

O boletim de ocorrência de desaparecimento de crianças e adolescentes pode ser feito em qualquer delegacia do estado ou por meio do site www.desaparecidos.pr.gov.br. É indicado registrar assim que perceber o sumiço, não é necessário aguardar 24 horas.

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