A CML (Câmara Municipal de Londrina) realizou, na tarde desta quarta-feira (12), uma reunião pública para discutir o consumo de bebidas alcoólicas por menores de idade em espaços públicos, com foco na rua Paranaguá. O encontro foi organizado pela Comissão de Defesa dos Direitos do Nascituro, da Criança, do Adolescente e da Juventude.

Além dos vereadores Jessicão (PP), Mara Boca Aberta (Podemos) e Giovani Mattos (PSD), que compõem a comissão, participaram representantes dos moradores da rua Paranaguá, dos estabelecimentos comerciais e da PM (Polícia Militar). Foram convidados a GM (Guarda Municipal), o Conselho Tutelar Central, o Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes) e o MP (Ministério Público), mas os órgãos não enviaram representantes.

Desde 2018, Londrina possui uma lei que proíbe o consumo de bebida alcoólica nas ruas entre 22 horas e 8 horas.

A vereadora Jessicão reclamou da ausência das entidades que estão ligadas diretamente à infância e à adolescência. “A reunião tinha um foco principal que era o debate dos adolescentes que estão bebendo na Paranaguá, e infelizmente esses órgãos não levaram com a seriedade que precisa”, disse.

Apesar de reconhecer que o problema ocorre na cidade inteira, Jessicão explicou que o objetivo de olhar para a Paranaguá foi para “resolver rápido” a situação. Ela apontou que a PM se prontificou a intensificar as abordagens de adolescentes.

“A ideia é ir identificando onde estão acontecendo esses ‘rolezinhos’, que são marcados via rede social, e ir pontualmente levando a polícia e as autoridades para agir nesses locais”, acrescentou.

“Essa reunião não foi contra os bares, foi uma reunião para chamar a atenção para o que ocorre em um ponto específico da Paranaguá. Entre as ruas Piauí e a Pará, existe um pequeno shopping que está sendo muito afetado, porque vândalos estão pichando, deixando sujeira, fazem xixi e deixam fezes.”, completou.

O capitão Emerson Castro, que representou o 5° BPM (Batalhão da Polícia Militar), afirmou que a PM tem buscado soluções para a Paranaguá no sentido de “desestimular os infratores e criminosos que queiram ir para o local promover infrações de trânsito, algazarra e, principalmente, perturbação de sossego”.

No ponto de vista de Castro, desestimular a permanência dessas pessoas no local pode ser um caminho para resolver a questão da perturbação do sossego. Agora, se um adolescente é identificado bebendo, a PM já faz o encaminhamento com apoio do Conselho Tutelar.

O capitão reforçou o compromisso da PM em estar presente na Paranaguá, continuando as abordagens de trânsito, fiscalização e policiamento. "Mas vamos acentuar nossas abordagens direcionadas aos adolescentes."

MORADORES RECLAMAM

Representante do Grupo de Moradores da Rua Paranaguá e Entorno e vice-presidente do CMPGT (Conselho Municipal de Planejamento e Gestão Territorial), Jaime Adilson Marques de Carvalho afirmou que a principal reclamação é o barulho.

“Existe uma série de problemas. Por exemplo, o lixo, os carros e motos que aceleram e também trazem problemas. E agora esse problema dos menores, que vão ali, bebem etc.”, disse.

O representante dos moradores criticou a falta de fiscalização da Prefeitura. “Estamos trazendo o problema da Paranaguá, mas, na verdade, isso acontece na cidade inteira e é um problema sério. Tem lugares onde a gente passa, principalmente em frente a essas lojas de conveniência, e dá dó ver a molecada [bebendo]. Aí não estamos falando nem do barulho, estamos falando de um problema social. É um absurdo menor beber na rua”, completou.

COIBIR DE FORMA EFETIVA

Para o diretor-executivo da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Norte do Paraná), Eduardo Flore, a questão da Paranaguá tem sido um foco de discussões por conta da mobilização dos moradores, mas as bebidas consumidas por adolescentes, destacou, não são adquiridas nos estabelecimentos da região.

“Nós estamos aqui representando os estabelecimentos justamente para defender esse ponto, de que esses estabelecimentos estão diante da lei, aplicando a venda de bebidas da forma correta. Na verdade, esses menores de idade trazem as bebidas de fora para consumir ali perto”, pontuou Flore, que reitera a necessidade de uma maior fiscalização.

“Essa questão do consumo da bebida por menores existe na cidade inteira. No país inteiro é um costume que, infelizmente, precisamos tratar com muita delicadeza junto aos órgãos competentes, para que seja coibido de forma efetiva”, finalizou.