Rajadas de vento alastram chamas e dificultam combate a incêndio no Parque Nacional de Ilha Grande
PUBLICAÇÃO
sábado, 17 de agosto de 2019
Larissa Ayumi Sato - Grupo Folha
O combate ao incêndio no Parque Nacional de Ilha Grande (Noroeste) precisou ser interrompido temporariamente nesta sexta-feira (16) devido às condições climáticas. De acordo com informações do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), com rajadas de vento de mais de 40 km/h, por volta do meio-dia, foi necessário mudar todo o cenário previsto. As chamas, que se deslocavam lentamente, tomaram o sentido nordeste com grande força, atingindo condição extrema de propagação. Em menos de uma hora, o fogo atravessou o aceiro da lagoa Saraiva, onde a equipe se preparava para o combate. Por motivo de segurança, bombeiros e brigadistas tiveram que deixar o local e foram recolhidos da área de risco.
Segundo a última atualização do instituto, até ontem, o fogo, que começou no último dia 8, consumiu 36.902,46 hectares do total de 76.138,19 hectares do parque, o que representa 48,47% de sua área total.
No início da manhã deste sábado (17), as equipes retomaram os trabalhos, com combates utilizando helicóptero. Objetivo é minimizar os danos, realizando áreas verdes para refúgio para a fauna, de acordo com Erick Caldas Xavier, chefe do núcleo de gestão integrada do ICMbio rio Paraná.
Não só os combatentes tiveram as suas vidas resguardadas. Ao longo do combate ao incêndio, as equipes têm encontrado alguns sobreviventes da fauna típica do parque e registrado. São tamanduás, antas, cobras, muitos cervos, inclusive com filhotes, e até um lobo guará, cuja ocorrência é prevista no plano de manejo na unidade, mas até então não havia registros em imagens.
O ecossistema do Parque Nacional de Ilha Grande e os incêndios que ali ocorrem possuem alto nível de agressividade e peculiaridades que dificultam o trabalho naquele ambiente. Apesar de todo o aparato disponível, trata-se de uma região com extrema dificuldade e alta complexidade. Os acessos se dão apenas por embarcação ou aeronave, o terreno é instável e alagado, a vegetação não permite visualização para equipe em solo e as labaredas podem alcançar de 10 a 12 metros de altura - isso sem considerar quando o fogo alcança as árvores. O calor é intenso, o que cria um microclima que deixa o vento ainda mais forte e imprevisível. O cenário pode mudar de forma inesperada em instantes, exigindo ajustes drásticos no planejamento.
A equipe do ICMBio que monitorava o fogo na frente norte da ilha Grande apagou o incêndio e se deslocou para na frente sul de combate ao incêndio.
Além da equipe de 65 pessoas que já estavam realizando o combate, o Parque Nacional do Iguaçu, também gerenciado pelo ICMBio, enviou mais sete brigadistas para compor com a força tarefa de combate ao incêndio e um helicóptero para apoio logístico.
A força-tarefa conta agora, portanto, com uma equipe de 72 pessoas atuando diretamente num esforço conjunto envolvendo, além do ICMBio (órgão gestor da unidade) o Corpo de Bombeiros do Paraná e do Mato Grosso do Sul, Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul, BPMOA (Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas) e o Coripa (Consórcio Intermunicipal do Remanescente do Rio Paraná e Áreas de Influência), que está coordenando o apoio logístico e articulando o apoio operacional das prefeituras de Altônia, São Jorge do Patrocínio, Icaraíma e Alto Paraíso.
O parque abrange as ilhas Grande, Peruzzi, do Pavão e Bandeirantes, no rio Paraná, e sua área é delimitada pelos municípios de Alto Paraíso, Altônia, Guaíra, Icaraíma e São Jorge do Patrocínio, no Paraná, e de Eldorado, Itaquiraí, Mundo Novo e Naviraí, no Mato Grosso do Sul.
(Atualizada às 12h00)