Com os termômetros batendo os 32ºC neste domingo (30), os londrinenses quebraram o isolamento da pandemia causada pelo novo coronavírus e passaram o dia quente em áreas, parques e praças reabertos há duas semanas, após quase cinco meses de restrição. A Barragem do Lago Igapó foi um dos pontos escolhidos para curtir o calor, mas não com segurança. Mau uso das máscaras, narguilé compartilhado entre amigos e crianças utilizando o playground fizeram parte da programação.

No domingo à tarde, os londrinenses aproveitaram o calor às margens do Lago Igapó,  muitos sem máscaras
No domingo à tarde, os londrinenses aproveitaram o calor às margens do Lago Igapó, muitos sem máscaras | Foto: Gustavo Carneiro

Segundo o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), a temperatura vai continuar alta ao longo da semana. “A tendência é seguirmos o padrão de hoje, com temperaturas amenas de manhã e bastante calor à tarde, com temperatura acima dos 30ºC”, aponta Samuel Braun, meteorologista da instituição. O período quente mesmo no inverno é conhecido como bloqueio atmosférico, ou veranico, em que a circulação do vento impede o avanço das frentes frias.

A mudança de temperatura foi sentida por Rose Rocha, 53. “Bem melhor agora, na semana passada a gente estava de blusa de lã”, ri. Ela e o marido caminham à beira do Lago Igapó e destacam o domingo atípico não só na temperatura. “A gente mora aqui perto. Mesmo proibido, já estava cheio de gente antes, mas hoje é um dos dias mais lotados”, destaca Adauto Rocha, 83. “E eu tenho notado que mais de 60% das pessoas estão sem máscara”, acrescenta Rose.

Antônio Aparecido Amorin, 56, tirou a tarde para se exercitar com a bicicleta. Para ele, calor e a abertura das áreas públicas contribuíram para que as pessoas frequentassem o local, mas conta que as regras já não eram obedecidas antes. “Semana passada tinha metade de gente que tem hoje, mas estava frio. Só funcionou nas primeiras duas semanas da interdição, depois o pessoal começou a frequentar de novo”, afirma.

Para ele, a questão não é o calor, mas o comportamento depois de tanto tempo isolado dentro de casa. “As pessoas estão entediadas, por isso vieram, mas de forma irresponsável, porque não estão usando máscara. Eu acredito que foi o tédio e não o calor que tiraram elas de casa”, afirma.

O mau uso ou falta das máscaras, narguilé compartilhado entre amigos, crianças dividindo brinquedos no playground ou academias ao ar-livre e aglomeração de pessoas em alguns pontos são facilmente notados no local.

"MÁSCARA PRA QUÊ?"

Como medida de proteção, Silvia Gilio, 44, escolheu uma sombra mais distante para ficar com a família. “Aqui nós somos da mesma família, estamos parados, então não usamos máscara, mas se você for mais perto do lago, vai ver muita gente caminhando sem. Nós até encontramos uma amiga e falamos para ela usar a máscara, ela perguntou: ‘pra que?’, então a gente vê que as pessoas não estão se importando muito”, afirma.

A empresária disse que é a primeira vez que ela vai até o local, mas a sua avaliação é de que ainda não é seguro. “Trouxemos as crianças, mas vejo que ainda não é indicado, porque muitas pessoas ainda não respeitam. Nós ficamos distante aqui, mas o certo mesmo é ficar recolhido”, avalia.

No domingo a temperatura em Londrina chegou a 32ºC ,  calor deve continuar durante a semana
No domingo a temperatura em Londrina chegou a 32ºC , calor deve continuar durante a semana | Foto: Gustavo Carneiro

Os parques, praças e áreas de lazer públicos e privados ficaram fechados durante quase cinco meses e foram reabertos no dia 17 de agosto. As medidas de flexibilização foram tomadas pois, segundo o prefeito Marcelo Belinati, os londrinenses estavam praticando atividades físicas em locais perigosos, como rodovias.

O decreto 959 autoriza a reabertura dos espaços públicos, porém, com uso indispensável de máscara pelos frequentadores; reunião apenas entre conviventes e residentes da mesma casa; obrigatoriedade de distanciamento de, no mínimo, dois metros entre não conviventes; além de estar proibido o uso de parques infantis, playgrounds, espaços de recreação ou áreas de convivência similares.