Vestidos coloridos, bandanas, chapéus de palha e muito xadrez. Trajados a caráter para um arraiá pra lá de especial, cães e tutores aproveitaram a tarde gelada de sábado (13) para confraternizar e incentivar a socialização dos animais. Promovido por uma creche de animais de Londrina, localizada na Avenida Juscelino Kubitschek, na região central, a atividade é uma forma de reunir toda a família para aproveitar as festividades de época enquanto passam um tempo de qualidade com os ‘aumigos’.

Há mais de uma década trabalhando com o cuidado de animais e há cinco com a creche voltada para o trabalho de socialização e gasto de energia física e mental dos alunos de quatro patas, a adestradora e empresária Paula Miranda dos Santos explica que a socialização é fundamental para o desenvolvimento de um cão saudável e equilibrado, o que envolve a exposição do animal a uma variedade de pessoas, animais, ambientes e situações.

Para os humanos, quitutes típicos. Para os cães, petiscos e pipoca sem sal
Para os humanos, quitutes típicos. Para os cães, petiscos e pipoca sem sal | Foto: Fotos: Jessica Sabbadini

Como forma de trabalhar a socialização dos cães através de um momento lúdico e com toda a família, o ‘aurraiá’ trouxe muita comida, bebida e diversão. Para os humanos, não faltou os quitutes típicos da época, como pipoca, paçoca, canjica e muito quentão. Já para cães, o cardápio inclui petiscos e pipoca sem sal. Como momento de descontração, um desfile para premiar as melhores fantasias, além de uma piscina de bolinhas e uma cama elástica para os ‘aumigos’. Um bingo valendo alguns brindes também foi organizado para toda a família.

SOCIALIZAÇÃO

Santos ressalta que o ideal é começar o processo de socialização dos cães desde cedo, quando o animal ainda é filhote e está descobrindo o mundo. “Fazendo isso da forma adequada, podemos prevenir problemas comportamentais, promover um comportamento mais seguro e ter mais previsibilidade em algumas situações que podem ser estressantes para os cães”, detalha.

"Aurraiá" em Londrina
"Aurraiá" em Londrina | Foto: Fotos: Jessica Sabbadini

Ela reforça que cães bem socializados tendem a ser menos medrosos e ansiosos em situações que podem ser, naturalmente, mais estressantes, como em um restaurante cheio de pessoas desconhecidas, shoppings, parques e veterinários. “São locais que não são naturais para eles, mas pelo fato de termos eles como parceiros, nós os incluímos dentro do nosso contexto do dia a dia”, ressalta.

Ainda no que diz respeito à parte comportamental, ela garante que a socialização adequada ajuda a prevenir uma conduta mais agressiva do cão, que geralmente tem como origem o medo. “Então o cão não sabe como lidar com essas situações em que se sente desprotegido e começa a compreender que somente quando ataca ele consegue encerrar a situação de estresse”, detalha, complementando que o cachorro passa a reagir a determinados estímulos e usa o ataque para cessar a situação, que pode envolver tanto pessoas quanto outros cães.

Festa junina pet: diversão para humanos e cães
Festa junina pet: diversão para humanos e cães | Foto: Fotos: Jessica Sabbadini

A socialização também traz benefícios para a saúde física e mental do animal. Segundo Santos, quando os cães são expostos a novas experiências é possível trabalhar a parte cognitiva, principalmente ao usar o olfato. “Os cães veem o mundo através do focinho”, afirma. Além disso, ao interagir e brincar com outros cães, eles gastam energia física, o que estimula que o animal tenha uma vida mais saudável.

A adestradora garante que uma boa socialização também ajuda a fortalecer o laço entre o animal e o seu tutor, criando um vínculo ainda maior de amor e companheirismo. Esses laços e vínculos podem ajudar os cães a criarem ou aumentarem o reportório de comunicação como o tutor e com o meio em que vivem. “Ele aprende a interpretar situações e interagir conosco também”, complementa, detalhando que o animal pode aprender alguns sinais de desconforto e de calma, por exemplo, que podem servir para evitar um conflito com um outro cão que não possui uma boa socialização.

PAIS DE PET

Tutores de Gordo e do Magrelo, de dois anos e meio, o casal Ana Elisa Belotto, 30, e Rene Pereira Milare, 33, conta que a ‘dupla’ vai para a creche há mais de dois anos, principalmente pelo fato de o Gordo ser muito assustado e apresentar dificuldade de socialização e o Magrelo ser territorialista. Belotto explica que apesar dos passeios frequentes, eles têm muita energia para gastar, o que resultava em buracos no quintal de casa e na destruição de alguns objetos. “Na creche, além de gastar energia, tem todo um trabalho de socialização”, explica, complementando que a mudança de comportamento dos dois é visível.

Ana Elisa Belotto e Rene Pereira Milare levaram Gordo e Magrelo para a Festa Julina na creche
Ana Elisa Belotto e Rene Pereira Milare levaram Gordo e Magrelo para a Festa Julina na creche | Foto: Fotos: Jessica Sabbadini

Frequentando a creche três vezes por semana, ao chegar em casa eles almoçam e já vão direto para o cochilo da tarde: “depois eles ficam bem mais tranquilos”. Para o casal, o Gordo e o Magrelo são como filhos. “A atenção e o carinho deles com a gente também é igual”, admite.

Ana Paula e Paulo Roberto Mrtvi, com  Penélope Charmosa e Sirius Black
Ana Paula e Paulo Roberto Mrtvi, com Penélope Charmosa e Sirius Black | Foto: Fotos: Jessica Sabbadini

"Pais" de três gatos e três cachorros, Ana Paula Martinho Mrtvi, 52, e Paulo Roberto Mrtvi, 63, foram ao ‘aurraiá’ acompanhados da Penélope Charmosa, uma golden retriever de seis anos, e do lhasa apso Sirius Black, de dois anos. Os cachorros são a companhia de todos os dias do casal, que não tem "filhos humanos" por opção. Eles veem a creche como uma forma dos filhos de quatro patas gastarem energia e se distraírem durante o dia enquanto os pais trabalham.

A golden Penélope Charmosa: sinhazinha
A golden Penélope Charmosa: sinhazinha | Foto: Fotos: Jessica Sabbadini