O imbróglio envolvendo a Mata do Marco Zero foi novamente tema de discussões na CML (Câmara Municipal de Londrina). Desta vez, o Legislativo realizou uma reunião pública para debater a propriedade da área, que deverá ser doada para o município. O entendimento é que, além da grande degradação ambiental, o abandono da área tem gerado problemas sociais. Moradores reclamam da insegurança no entorno do local.

O presidente da Comissão Especial do Marco Zero, vereador Roberto Fu (PL), avaliou que o encontro desta sexta-feira (2) foi positivo e que ainda há uma “grande caminhada pela frente” para resolver o problema. A comissão vai se reunir novamente para decidir os próximos passos.

“O que nós precisamos urgentemente é encontrar uma solução para o Marco Zero, não dá para continuar dessa forma”, disse Fu. O vereador aponta que ainda existem dúvidas a serem esclarecidas, como a utilização dos recursos destinados à revitalização da mata que estavam previstos em um termo de compromisso assinado em 2014 entre a Pátio Londrina Empreendimentos e Participações (gestora do Boulevard Londrina Shopping) e o município.

“Está faltando justificar onde estão guardados os R$ 250 mil que foram depositados na conta do município, inclusive existe um inquérito do Ministério Público [para apurar]. Eles também querem saber”, acrescenta o parlamentar.

Existe uma minuta de doação da área ao município - protocolada no SEI (Sistema Eletrônico de Informações) da Prefeitura em maio deste ano -, mas não há previsão de quando, efetivamente, o processo ocorrerá.

PASSIVO AMBIENTAL

De acordo com o secretário municipal do Ambiente, Andre Chen, a área da mata possui um grande passivo ambiental e, para corrigi-lo, o empreendimento precisa executar um PRAD (Plano de Recuperação de Área Degradada).

“Nós recebemos o plano com os estudos, fizemos a aprovação e agora a empresa precisa executar para que a gente consiga dar o OK”, afirmou Chen.

Entre as intervenções que deverão ser feitas está a recuperação de áreas internas, a avaliação se o cercamento será mantido ou não e a construção de áreas, como um passeio público e um mirante.

“Executando essas obras, a gente consegue receber a área”, diz Chen, que lembra que a Mata do Marco Zero é uma área privada. “Temos um grupo de trabalho da Prefeitura que está trabalhando em consenso com o empreendedor para que a gente chegue a um prazo final, para que seja feita a entrega dessas obras.”

MUNICÍPIO QUER ÁREA

Segundo o secretário municipal de Obras, João Verçosa, o município tem “o maior interesse” em receber a área, mas primeiro é necessário que sejam feitas correções. “Tudo o que estiver relacionado às obrigações que estão elencadas no PRAD”, disse.

A avaliação de Verçosa é que o empreendedor também tem pressa em resolver as pendências. A demora para se chegar ao plano, aprovado apenas neste ano, é resultado das negociações.

“Demandou esse tempo de conversa, de reunião para se chegar em um denominador comum, porque a empresa também não quer sair fazendo obras lá e depois a gente fechar uma obrigação diferente do que ela fez”, acrescentou Verçosa. “Eles têm o maior interesse em passar essa área, porque isso está segurando o parcelamento [de solo] deles.”

A secretária municipal de Gestão Pública, Juliana Rodrigues, e o diretor-presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), Gilmar Domingues Pereira, atenderam à convocação da comissão e foram à reunião. Representantes do empreendimento foram convidados, mas não participaram.