Quem foi até o Calçadão de Londrina na manhã deste sábado (11), véspera do Dia das Mães, notou um movimento intenso de pessoas. Pelo fluxo, a aposta é de que as vendas estariam bombando, mas a realidade enfrentada por alguns lojistas e feirantes é outra.

Um dos presentes mais procurados por quem deseja dar um mimo para a mãe, as roupas são uma opção certeira, já que contam com uma infinidade de cores e modelos que podem agradar a todas. Porém, Antônio Verza Filho, 65, gerente de uma loja do ramo no Calçadão de Londrina, garante que as vendas estão muito abaixo do esperado. Para ele, uma das principais explicações para a queda em relação ao ano passado é o clima, que permanece quente mesmo com o inverno batendo à porta. Como as peças de frio costumam ter um preço mais elevado, isso leva os consumidores a gastarem mais.

Antonio Verza Filho
Antonio Verza Filho | Foto: Jessica Sabbadini - Especial para a FOLHA

Com promoções em todos os setores da loja, cupons para participar de sorteios e um tapete chamativo na entrada da loja, a expectativa é de aquecer as vendas até às 18h deste sábado. “A nossa confiança é grande, a nossa luta também é grande e vamos buscar boas vendas com a esperança de ter sucesso”, afirma.

Gerente de uma loja de roupas na Avenida São Paulo, Amanda de Oliveira Proença Souza, 30, também lamentou o movimento fraco e justificou que a concorrência, principalmente em relação às compras na internet, é um dos motivos que vêm fazendo com que o comércio de rua apresente queda nas vendas. Para ela, outro fator é o clima, já que a loja está com muitas peças de inverno, mas o calor ainda está intenso. “Nós fizemos um café da manhã especial, também estamos com brindes, a gente preparou bastante coisa para atrair os clientes”, reforça.

Além da queda nas vendas, Souza reforçou que o valor dos presentes vem caindo conforme os anos. Uma professora, que preferiu não se identificar, estava comprando o presente da mãe em uma loja de calçados. Ela concorda que o valor disponível no orçamento vem ficando cada vez menor. Antes, ela gastava em torno de R$ 300 no presente para a mãe; agora, não costuma passar dos R$ 150. “A gente faz o que dá para não passar em branco”, ressalta, complementando que o importante é estar presente junto à mãe.

Klelvia Komar
Klelvia Komar | Foto: Jessica Sabbadini - Especial para a FOLHA

Responsável pelo visual merchandising de uma famosa loja de calçados, Klelvia Komar, 39, afirma que a semana do Dia das Mães foi fraca, o que pegou todos de surpresa pelo fato de ser uma data muito boa para o setor. Com tênis e sapatilhas saindo mais, ela pontua que as peças de inverno estão paradas, já que o clima ainda não permite usar calçados mais quentinhos. “As botas a gente ainda não conseguiu ter uma boa saída e é um produto de ticket médio bem alto, então talvez isso ajudaria na questão de valores”, complementa. Na loja, as vendas mais altas são para quem compra um sapato e já aproveita para levar uma bolsa para a mãe, mas há também quem opte por levar só um calçado, gastando, em média, pouco mais de R$ 100.

“Só uma olhadinha”

Com diversas barracas e estandes montados ao longo do Calçadão de Londrina, a Feira na Praça, organizada pela Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), é um local para encontrar presentes artesanais feitos pelas mãos de artistas locais. O casal de autônomos Cleyton Régis, 49, e Janaína Murari, 42, estão com diversas opções de bolsas, que são um dos presentes mais desejados pelas mamães. Para eles, as vendas estão dentro da média dos últimos anos, mas muito abaixo do que conseguiam vender antes da pandemia, muito por conta de uma perda no poder aquisitivo das famílias.

Com peças personalizadas, em que os clientes podem escolher o tamanho, cor e modelo do produto que querem, eles garantem que muita gente para na barraca para ver as opções, mas poucos fecham o negócio. “Às vezes eles olham mais o preço do que a qualidade”, afirma Régis.

Priscila Sodré
Priscila Sodré | Foto: Jessica Sabbadini - Especial para a FOLHA

Para a artesã Priscila Sodré, 34, que faz tapetes, toalhas e guardanapos, as vendas para o Dia das Mães de 2024 estão pelo menos 50% mais baixas do que no ano passado. “As pessoas estão gastando menos”, comenta.