Alunos de escolas de Sarandi promoveram uma manifestação contra o governo do Estado na quarta-feira (30) para protestar contra o Novo Ensino Médio e contra uma possível opressão exercida sobre o Colégio Estadual Jardim Panorama. A data coincide com a do massacre de professores em Curitiba, em 1988, que é recordado por ações dos docentes do Paraná em todos os anos.

A escola estadual entrou em evidência desde que alunos, em uma atividade avaliativa de Artes, fizeram um vídeo ironizando as más condições de infraestrutura do colégio. A gravação viralizou nas redes sociais e, desde então, servidores da Seed (Secretaria Estadual de Educação) e da Fundepar (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional) passaram a fazer seguidas inspeções administrativas.

Em frente à escola estadual, alunos carregavam cartazes e gritavam palavras de ordem a favor da revogação do Novo Ensino Médio e contra a ação da pasta de Educação. “Fizemos o ato [de quarta-feira] em razão da posição que o Núcleo [Regional de Ensino] tomou ao ver o vídeo de denúncia que alunos do [colégio jardim] Panorama fizeram. Era um trabalho escolar de tema livre, quando os alunos viram a situação da escola, resolveram mostrar a realidade. Ao invés de o Núcleo ver esse vídeo e tomar uma ação, de oferecer condições para mudar isso, eles resolveram reprimir, fazer pressão em cima dos alunos. Foram um dia no colégio, chamaram os alunos sem consentimento dos pais, a pressão que eles fizeram levou um aluno a desmaiar. Começaram a cair em cima da direção da escola”, relatam membros do Comitê Revoga N.E.M./Sarandi-PR, que organizou o ato - o coletivo é composto por 15 estudantes.

Os alunos ressaltam a liberdade de poder expressar suas opiniões e consideram que a inquirição aos estudantes foi uma tentativa de censurá-los. “Nós repudiamos essa ação e, mesmo depois de isso ter tomado repercussão, o Núcleo não se explicou, muito menos pediu desculpas para os alunos pelo o ocorrido”, defendem.

A Seed (Secretaria Estadual de Educação) voltou a sustentar, em comunicado oficial, que “considera importante a iniciativa dos alunos, em termos de exercício de cidadania dentro da atividade proposta e defende a liberdade de expressão dos mesmos”.

PRESSÃO

As suspeitas de pressão por parte da Seed e do Fundepar surgiram logo após o vídeo dos alunos viralizar devido às constantes visitas de avaliação e fiscalização. Embora sejam voltadas para a direção da escola, os alunos autores do vídeo foram chamados para uma oitiva, que chegou a provocar uma crise em um deles.

Na segunda-feira (28), deputados estaduais do bloco de oposição ao governo cobraram do governador Ratinho Junior (PSD) apuração e providências em relação às suspeitas de perseguição contra alunos e professores do Colégio Jardim Panorama.

A Seed informou, por meio de nota, que a visita de 22 de agosto (quando o estudante passou mal) de servidores da pasta e do NRE de Maringá foi técnica e protocolar e que é regular em todas as escolas do Paraná.

“Para realizar tais avaliações, as equipes técnicas fazem oitivas de toda a comunidade escolar (alunos, professores, gestores e colaboradores), para levantar dados referentes a múltiplos assuntos, como frequência escolar, aplicação de recursos repassados pelo Estado, entre outros”, justifica o comunicado.