Elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Pesquisa Trimestral de Produção de Ovos aponta que o Paraná é o segundo maior produtor nacional de ovos de galinha (para incubação e consumo).

De janeiro a março deste ano, os produtores paranaenses produziram 111,2 milhões de dúzias de ovos, volume que representa 10,1% do total nacional e 5,5% maior que o produzido no mesmo período de 2023 – 105,4 milhões de dúzias.

“A produção de ovos levantada pelo IBGE abrange granjas com mais de 10 mil aves poedeiras e não apenas o produto de consumo humano, mas também os ovos destinados à incubação, aqueles destinados à produção de pintos de corte ou postura comercial”, explica Roberto de Andrade Silva, médico-veterinário do Deral – órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento).

ARAPONGAS

Com uma produção de 290 milhões de dúzias de ovos, o estado de São Paulo foi o maior produtor de ovos nacional (para incubação e consumo) no primeiro trimestre de 2024, com participação de 26,4%. Em terceiro lugar, atrás do Paraná, ficou Minas Gerais, com 100,9 milhões de dúzias produzidas e participação de 9,2% em nível nacional.

Gripe aviária e falta de mão de obra são os principais desafios das granjas paranaenses
Gripe aviária e falta de mão de obra são os principais desafios das granjas paranaenses | Foto: Gilson Abreu/AEN

Dados do VBP (Valor Bruto de Produção) divulgados preliminarmente pelo Deral apontam que Arapongas, no Norte do Paraná, foi o município que mais produziu ovos em 2023. Segundo o relatório elaborado pelos técnicos, a produção alcançou quase 35,8 milhões de dúzias nesse município, volume que resultou em um VBP de R$ 173,5 milhões, a riqueza advinda da atividade.

O SETOR

Sobre o desempenho do setor, o presidente da Apavi (Associação Paranaense da Avicultura), Tohoru Furukawa, destaca que as exportações de ovos estão crescendo (veja boxe) com a ajuda dos custos de produção, principalmente milho e soja, que estão em baixa. “Isso vem ocorrendo devido à gripe aviaria que dizimou vários plantéis em diversos países produtores e consumidores”, explica.

Em virtude desse cenário, ele aponta que as granjas estão conseguindo manter certo lucro com a atividade, podendo fazer suas manutenções e pagar seus compromissos. “Inclusive estão até pensando em investir em melhorias”, destaca Furukawa.

Entre os desafios dos produtores paranaenses, ele cita como o maior a gripe aviária. “Se a gripe aviária for detectada, fecham-se as exportações de imediato, tendo que dizimar ou sacrificar todas as galinhas onde forem detectados os focos”, pontua.

Outro desafio apontado é a escassez de mão de obra nas propriedades. “A falta de mão de obra também chegou na avicultura, tendo que competir com todo o mercado e, mesmo pagando mais, está escassa. Uma das maneiras para enfrentar esse problema é automatizar a produção onde for possível”, destaca.

NACIONAL

Segundo o IBGE, a produção nacional de ovos de galinha (para incubação e consumo) alcançou 1,099 bilhão de dúzias no primeiro trimestre de 2024, alta de 6,1% sobre o mesmo período de 2023, com volume de 1,035 bilhão de dúzias.

Ao todo, 2.003 granjas que enviaram as informações em nível nacional, sendo 462 delas localizadas no Paraná.

Das 26 unidades da Federação com granjas incluídas na pesquisa, 21 registraram aumento na produção no primeiro trimestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023.

Os maiores aumentos foram em São Paulo (+20,13 milhões de dúzias), Minas Gerais (+11,97 milhões), Pernambuco (+11,93 milhões) e Paraná (+5,80 milhões). A Bahia teve a maior redução, com -1,30 milhão de dúzias.

INCUBAÇÃO E CONSUMO

O médico-veterinário do Deral Roberto de Andrade Silva destaca que, quando são analisados os ovos somente para incubação, o Paraná está em primeiro lugar no ranking nacional, com quase 62,5 milhões de dúzias produzidas no primeiro trimestre de 2024, o que representa 30,5% do total nacional.

Quando se fala em ovos para consumo, o Paraná ficou na 8ª colocação no ranking nacional nos três primeiros meses deste ano, com 48,5 milhões de dúvidas produzidas (5,4% do total nacional).

Exportação cresceu 48,2% no primeiro semestre

A exportação de ovos e derivados cresceu 48,2% no Paraná no primeiro semestre de 2024, em relação ao mesmo período do ano anterior. É o melhor resultado da série histórica, iniciada em 1997. Foram 5.515 toneladas exportadas para 36 países, contra 3.721 toneladas no primeiro semestre de 2023, até então o melhor resultado. A receita também aumentou em 24,5%, passando de US$ 18,7 milhões no ano passado para US$ 23,3 milhões em 2024.

Os dados constam no Boletim de Conjuntura Agropecuária, divulgado no dia 8 de agosto pelo Deral (Departamento de Economia Rural), da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento).

Os itens que compõem o “complexo ovos” são os ovos férteis destinados à incubação e pintos (material genético), ovos frescos com casca, ovos cozidos e secos, gemas frescas e cozidas e ovoalbumina. O item mais representativo é de ovos de aves da espécie Gallus domesticus, para incubação, representando 98% da pauta total do Paraná.

MÉXICO

Segundo o Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), com dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o México foi o principal destino dos produtos do complexo ovo no primeiro semestre deste ano no Paraná. Foram 2.302 toneladas exportadas, com receita de US$ 10,1 milhões.

Dois países do continente africano aparecem na sequência. O Senegal importou do Paraná 1.109 toneladas, com receita de US$ 4,3 milhões, seguido de perto pela África do Sul, com 1.089 toneladas e US$ 4,7 milhões de receita cambial. Outros dois países da América do Sul completam o top cinco de maiores importadores. O Paraguai é o quarto destino dos ovos paranaenses, com 647 toneladas e US$ 2,4 milhões, e a Venezuela, com 294 toneladas e US$ 1,4 milhão, ocupa o quinto lugar.

MERCADOS

O ovo paranaense também possui mercado em países menores do que o próprio Estado. Chipre, no Oriente Médio, por exemplo, comprou 375 quilos no primeiro semestre. O país tem uma população de 1,2 milhão de habitantes, quase dez vezes menor que o Paraná. Antígua e Barbuda, no Oceano Pacífico, tem 93 mil habitantes e comprou dos produtores paranaenses 158 quilos.

Além de estar entre os principais exportadores de ovoprodutos do Brasil, o Paraná também figura entre as principais portas de saída dos ovos e seus derivados para outros países. A Alfândega de Foz do Iguaçu registrou a saída de 1.157 toneladas no primeiro semestre deste ano, o quinto maior índice do Brasil. Ao todo, foram US$ 4,6 milhões em receita que passaram pela cidade do Oeste do Paraná.

Outra porta de saída é o Porto de Paranaguá. Foram exportadas por lá 55 toneladas de ovo e seus derivados, com receita de US$ 94 mil. É o 14º destino de saída do Brasil, dentre 35 que registraram esse tipo de exportação.

SÃO PAULO EM PRIMEIRO

O Paraná é o segundo maior exportador de ovos do Brasil, ficando atrás somente de São Paulo, que no primeiro semestre de 2024 produziu 6.771 toneladas, com receita de US$ 30 milhões. Na sequência vêm Rio Grande do Sul (3.768 toneladas e US$ 8,9 milhões), Santa Catarina (2.360 toneladas e US$ 10,1 milhões) e Mato Grosso do Sul (1.287 toneladas e US$ 2,5 milhões).

Dentre os cinco principais exportadores de ovoprodutos, Mato Grosso do Sul (+66%), Paraná (+48,2%) e Rio Grande do Sul (+35,9%) tiveram os maiores crescimentos, enquanto que São Paulo (-30,9%) e Santa Catarina (-13,5%) registraram queda no período.

Assim como no Paraná, o México destacou-se como principal importador de ovoprodutos do Brasil, com volume de 5.654 toneladas e receita cambial de US$ 24,3 milhões, ou seja, quase metade do que foi comprado pelo país (2.302 toneladas) veio do Paraná. Entretanto, a nível nacional, o México reduziu o volume de importação em 37,8% e em 49,2% a receita cambial.

Na sequência vem África do Sul (3.161 toneladas / US$ 14,1 milhões), Chile (2.854 toneladas / US$ 6,6 milhões), Senegal (2.461 toneladas / US$ 9.5 milhões) e Emirados Árabes Unidos (1.129 toneladas / US$ 1,9 milhão).

De acordo com o Agrostat Brasil, no primeiro semestre de 2024 a exportação nacional de ovos atingiu 22.925 toneladas, volume 22,4% menor que o verificado em igual período de 2023 (29.578 toneladas) e o faturamento correspondente caiu 24,6%, passando de US$ 110,3 milhões em 2023 para US$ 83,2 milhões nesse ano.

A região Sul do País é a segunda maior exportadora, com 11.370 toneladas enviadas e US$ 41,4 milhões em receita. Na sequência vêm o Sudeste, com 8.846 toneladas e US$ 34,6 milhões; Centro-Oeste, com 1.951 toneladas e US$ 4,7 milhões; Nordeste, com 248 toneladas e US$ 912 mil; e fechando a lista, Norte, com 192 toneladas e US$ 294 mil.

OVOS PARA CONSUMO

O Brasil ainda não tem tradição na exportação de ovos e ovoprodutos, já que quase a totalidade da produção é direcionada ao mercado interno, entre ovos férteis/reprodução, consumo in natura, indústria alimentícia e consumo institucional (merenda escolar e restaurantes, lanchonetes e foodservice). Há potencial para aumentar a participação no mercado internacional, à medida que a produção cresça.

A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) projeta que a produção de ovos no Brasil poderá chegar a 56,9 bilhões de unidades em 2024, o que significará um crescimento de até 8,5% se comparado ao ano passado, que atingiu 52,4 bilhões de unidades. Quanto ao consumo de ovos, deverá crescer 8,5%, totalizando 263 unidades por habitante/ano. O Paraná produziu 434 milhões de dúzias em 2023, aumento de 7,1% em relação a 2022, maior resultado já registrado na série histórica. (Com Agência Estadual de Notícias)