Apesar da fama de Guaratuba, o município litorâneo de Guaraqueçaba é o maior produtor de palmito do Paraná, responsável por um terço da produção estadual.

Levantamento realizado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento), mostra que Guaraqueçaba produziu 4,3 mil toneladas de palmito em 2022, resultando em um VBP (Valor Bruto da Produção) de R$ 14,6 milhões. Guaratuba, por sua vez, ficou em terceiro lugar no ranking, com a produção de 2,3 mil toneladas de palmito nesse mesmo ano, com 18% de participação estadual (leia mais no quadro).

Imagem ilustrativa da imagem Guaraqueçaba produz um terço do palmito no Estado
| Foto: FOLHA Arte

O técnico em agropecuária Arildo Pontes dos Reis Júnior, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Guaraqueçaba, explica que o clima é o principal fator que favorece a produção de palmito pupunha no município.

“Nosso clima é extremamente favorável, com altos índices de precipitação e sol o ano todo. Além disso, nossos solos são extremamente receptivos à cultura, equilibrados, com concentração de matéria orgânica e fertilidade”, lista.

O secretário acrescenta que a qualificação da mão de obra é outro fator que favorece a cultura. “Na maioria são pequenas propriedades, sendo que os produtores se identificam com a cultura e os tratos culturais, dominando todo o processo: desde o preparo da área, passando pelo corte, até o transporte das hastes de palmito.”

Guaraqueçaba reúne hoje pouco mais de 600 produtores de palmito pupunha, sendo que, desse total, 90% são pequenos produtores. Em média, as lavouras têm entre 5 mil e 12 mil plantas.

“A cultura do palmito possibilitou a permanência de várias famílias na área rural do município, além de repatriar outras tantas. Hoje o campo é o carro-chefe da nossa economia, graças à produção do palmito pupunha”, pontua o secretário.

Entre os desafios dos produtores, o secretário cita a falta de assistência técnica para a cultura e as condições das estradas de acesso às propriedades, todas sem pavimento. “Inclusive a PR-405, que liga Guaraqueçaba ao resto do estado”, exemplifica.

INDUSTRIALIZAÇÃO

Guaraqueçaba conta hoje com duas indústrias responsáveis pelo processamento e escoamento do palmito (Roecker Alimentos e Fratelli), ambas responsáveis por absorver grande parte da produção local.

“Boa parte da produção da local é industrializada no próprio município, de onde segue para grandes centros de comercialização, mas há uma parte que é comercializada in natura para fora do município, seguindo para indústrias de outros municípios, como Antonina, Tijucas do Sul, Maringá, Garuva e Joinville, além de alguns municípios do Vale do Ribeira (SP)”, lista o secretário.

PARCERIA

Com sede em Guaraqueçaba, a Fratelli, segunda maior indústria de palmitos em conserva do Brasil, conta hoje com produção própria e também em parceria com produtores de Guaraqueçaba e Antonina.

“Temos parceria com mais de 110 produtores. Dessa maneira, conseguimos impactar positivamente a economia de toda a região”, destaca Guilherme Gabriel Prestes de Almeida, diretor geral da Fratelli.

A Fratelli cultiva hoje cerca de 300 hectares, e em mais 700 hectares o plantio é feito por produtores parceiros – 500 hectares em Guaraqueçaba e 200 em Antonina. O palmito in natura chega até a fábrica, onde é descascado, cortado, envasado, cozido e rotulado.

A produção média atual da Fratelli está em 20 mil potes diariamente. “Em 2024 com certeza teremos recorde de produção e faturamento na empresa. Fechamos contratos com os maiores supermercados do Brasil e iremos modernizar ainda mais a nossa produção”, acrescenta o diretor.

Em 2023, a produção média ficou em 13 mil potes por dia. A maior parte da produção da indústria fica no Paraná e em São Paulo, mas o palmito é comercializado para outros estados do Brasil, como Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, Bahia e Pernambuco.

Com mais de 100 colaboradores diretos, a Fratelli é a segunda maior empregadora de Guaraqueçaba, ficando atrás somente da Prefeitura. As marcas comerciais são Qualidoro e Palmito do Chef, as maiores do país.