Janja ignora tradição do vestido na posse e se aproxima mais de Lula
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domingo, 01 de janeiro de 2023
Folhapress
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Saindo do seus habituais tênis, calça jeans e camiseta com estampa militante, Rosângela da Silva, a Janja, nova primeira-dama, foi à cerimônia de posse do presidente eleito Lula, do PT, vestindo peças, digamos, mais elegantes. O evento acontece neste domingo, 1º, em Brasília.
De cor champanhe, o conjunto usado pela socióloga é assinado pela estilista gaúcha Helô Rocha, a mesma que desenhou seu vestido de noiva. O look também repete o bordado que usou no casório, costurado por rendeiras de Timbaúba do Batista, no Rio Grande do Norte.
Marcando a oficialização do título de primeira-dama -termo que faz Janja torcer o nariz-, a roupa traz uma silhueta demarcada, com blazer e colete que exibem delicados desenhos de plantas e flores bordadas. A calça, de estilo pantalona, é lisa e de cintura alta. Os tecidos foram tingidos naturalmente, com cajú e ruibarbo.
O visual escolhido pela primeira-dama vai na direção de suas afirmações recentes sobre a moda, o setor têxtil brasileiro e o papel da esposa do presidente.
Como exigência para o look da posse, a socióloga estabeleceu como objetivo enaltecer a moda nacional, o que já vem fazendo há algum tempo. Do seu guarda-roupa já brotaram, por exemplo, roupas das paulistanas Neriage e Misci.
Em entrevista à revista Vogue, Janja disse que não é por ser casada com o chefe de Estado que precisa usar um "vestido abaixo do joelho, careta" e fez piadas com o que chamou de "democracia do tênis", item que, embora esteja com frequência em seus pés, ficou de fora desta vez -provavelmente, em razão do tom refinado do evento.
Os sapatos escolhidos pela socióloga foram saltos brancos, com leves aberturas e detalhes. Lembram bastante os que calçou no seu casamento.
Janja ignorou a tradição cultural do vestido, ou saia, como forma de rebater estereótipos sobre feminilidade, trazendo originalidade no uso da calça.
A escolha pelo blazer, por sua vez, não é pioneira na história das primeiras-damas, mas soa estratégica no corpo de Janja, já que é de seu desejo se mostrar ativa na política do país -e a peça lhe aproxima do visual de Lula.
O presidente eleito vestiu uma roupa que chama a atenção por um pequeno detalhe, carregado de simbolismo partidário. A gravata usada pelo petista é da cor azul, enquanto a de seu vice, Geraldo Alckmin, do PSB, é vermelha.
As cores se destacam pelo histórico dos políticos. Isso porque enquanto o PT é representado pela cor vermelha, o azul é associado ao PSDB, partido no qual Alckmin esteve na maior parte de sua carreira.
O simbolismo cromático aponta para a promessa de união que Lula fez ao Brasil, país que nos últimos anos se afundou em polarização política.
Ao contrário de Janja, a esposa de Alckmin, Lu, optou por um vestido de caráter mais tradicional. Todo branco e de recorte abaixo dos joelhos, a roupa traz elegância principalmente nas mangas, longas, soltas e de pele sutilmente à mostra.