O dia é 8 de março, flores e chocolates estão na mesa, a cor de rosa estampa todas as publicidades, as redes sociais e essa página. Cotovelos se cumprimentam: Feliz Dia Internacional da Mulher. Na aba de pesquisas ela escreve, curiosa, uma só palavra: Mulher...

Lei Maria da Penha

Neste ano, a Lei Maria da Penha completa 15 anos. Promulgada em 7 de agosto de 2006, a Lei é considerada um marco histórico no combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. Dividida em sete títulos, com 46 artigos ao todo, a Lei estabeleceu os tipos de violência doméstica e o proceder da assistência que a vítima irá receber, além da criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Após a sanção, as vítimas de violência tiveram mais condições de segurança ao denunciar o crime. A Lei classifica os tipos de violência contra a mulher em física, psicológica, moral, sexual e patrimonial. A ONU Mulheres, entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, considera a Lei brasileira pioneira na luta pelos direitos das mulheres.

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Quem foi Maria da Penha?

A cearense Maria da Penha Maia Fernandes é a dona da história homenageada pelo nome da Lei. Na época já formada na Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria da Penha começou a namorar o colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, em 1974, durante o mestrado na Universidade de São Paulo (USP). Os dois se casaram em 1976 e, após o nascimento da primeira filha, foram para Fortaleza – cidade natal de Maria. Tiveram três filhas. Marco Antonio, antes tão amável, começou a mudar de comportamento com a esposa. Passou a ser ríspido e explosivo com a família. No ano de 1983, o homem tentou assassinar sua esposa por duas vezes. Na primeira, disparou com um tiro nas costas da mulher, enquanto ela dormia. Maria da Penha sobreviveu, mas ficou tetraplégica. Marco Antonio mentiu para a polícia ao dizer que foram vítimas de um assalto. Quatro meses após a primeira tentativa de feminicídio, o agressor manteve a vítima em cárcere privado durante duas semanas e tentou assassiná-la novamente, ao eletrocutá-la no banho. Após uma luta incessante por justiça, o primeiro julgamento aconteceu só em 1991 – oito anos após o crime. Mesmo sentenciado a 15 anos de prisão, a defesa de Marco Antonio garantiu que o agressor saísse do Fórum em liberdade. O caso ganhou repercussão internacional. Como afirma o site do Instituto Maria da Penha: “a história significava mais do que um caso isolado: era um exemplo do que acontecia no Brasil sistematicamente sem que os agressores fossem punidos”. No início do mês, a mulher completou 75 anos. Indicada ao Nobel da Paz em 2017 e autora do livro “Sobrevivi... Posso Contar” (1994), Maria da Penha Maia Fernandes é um exemplo vivo de luta por justiça e pela garantia dos direitos das mulheres.

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Um país de todos?

O Brasil ainda está longe de ser considerado uma nação com igualdade de gêneros. Segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial de 2019, o país ocupa o 92º lugar em ranking com 153 países. O primeiro colocado é a Islândia, ao lado de demais países nórdicos. A avaliação leva em conta a paridade entre homens e mulheres na saúde, educação, trabalho e política. Ainda que os níveis brasileiros de educação e saúde sejam altos, ainda falta muito a ser feito nos demais âmbitos. Na área do trabalho, por exemplo, é estimado que o Brasil leve 257 anos para atingir a igualdade caso continue no ritmo atual de desenvolvimento.

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Segundo o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em setembro de 2020, foram registrados 1.848 homicídios dolosos contra vítimas do sexo feminino. Entre os casos, 649 foram classificados como feminicídio. É denominado “feminicídio” o assassinato cometido contra mulher, motivado por discriminação de gênero ou violência doméstica. A Lei do Feminicídio, que especifica o crime, foi sancionada no Brasil em 9 de março de 2015.

#Elas pelo Nobel

Mulheres conquistam seu espaço no tradicionalmente masculino Prêmio Nobel, o qual prestigia destaques nas áreas da ciência, literatura, economia e paz. Enquanto 873 homens foram consagrados durante os 120 anos de cerimônias, 57 mulheres foram laureadas. A primeira foi Marie Curie, ao conquistar o Nobel de Física em 1903 ao lado de seu marido Pierre Curie e de Antoine Henri Becquerel. Ela foi a única mulher a ganhar mais de um Nobel, levando para casa o Nobel de Química em 1911, dessa vez sozinha. Nos últimos anos, a quantidade de mulheres contempladas pelo Nobel vem aumentando, e teve seu auge em 2009, com a vitória de cinco mulheres em um mesmo ano. A pessoa mais jovem a receber um Nobel foi uma mulher: a ativista Malala Yousafzai tinha apenas 17 anos quando levou o Nobel da Paz em 2014.

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#Elas pelo Rap

Grandes homens sempre foram conhecidos como representantes do estilo musical rap, mas parece que o cenário vem melhorando para as artistas mulheres. Em 2019, a rapper Cardi B foi a primeira mulher a conquistar um Grammy na categoria Melhor Álbum de Rap com a obra "Invasion of Privacy". Sua música "I like it" também fez história na plataforma de streamming Spotify ao ultrapassar 1 bilhão de plays, tornando-a uma das mais ouvidas rappers entre homens de mulheres no mundo. O feito também a consagra como a primeira rapper feminina como vocalista principal a entrar para o grupo de cerca de 60 músicas que atingiram o bilionésimo play. Ela já havia atingido essa marca, mas apenas como participação especial na música "Girls like you", do Maroon5. Esse ano, Cardi não está entre os indicados ao Grammy, mas a rapper Doja Cat, novata na premiação, é uma das favoritas com três indicações.

#Elas pela Saúde

Özlem Türeci é uma cientista alemã cofundadora, com seu esposo Ugur Sahin, da empresa de biotecnologia BioNTech, conhecida pela sua parceria com a Pfizer no desenvolvimento da vacina contra a Covid-19. Além do imunizante, a companhia também atuou no combate ao câncer e imunização contra a gripo. No Brasil, quem está à frente de uma das instituições responsáveis pela produção de vacinas contra o coronavírus também é uma mulher: Nísia Trindade Lima é socióloga, cientista política e presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Em seu cargo, é responsável pelo enfrentamento contra a Covid-19, ao passo que a entidade tem parceria firmada com a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca para o desenvolvimento de vacinas.

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#Elas pela Arte

Imagine se uma outra pessoa levasse crédito por quadros que você pintou. Esse é o caso de muitas mulheres que têm suas obras vendidas sob o nome de homens próximos a elas. Na tentativa de conseguir justiça, algumas dessas artistas acabam conseguindo o devido reconhecimento. Artemisia Gentileschi foi a primeira mulher a entrar para a Academia de Belas Artes de Florença, em 1616, mas, antes disso, sociedade não acreditava que uma mulher pudesse pintar tão bem como ela. Muitas de suas primeiras obras foram assinadas pelo nome do pai ou amigos artistas, fato contestado e provado apenas em um momento posterior de sua vida. Já no século passado, um dos casos mais notórios foi o da americana Margaret Keane, artista por trás dos retratos melancólicos de crianças com olhos grandes. Por muito tempo Margaret viveu ofuscada pela imagem de seu então marido, Walter Keane, que levava crédito por suas obras e com quem foi casada até 1965. Após mais de uma década de farsa, Margaret expôs a verdade e ambos foram convocados a uma competição de pintura para a averiguar a técnica de seus trabalhos. Apenas ela compareceu e foi comprovada sua verdadeira autoria.

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#Elas pela Cidadania

Nem sempre as mulheres foram parte ativa da vida política. O movimento sufragista foi o responsável pelo direito da mulher ao voto na maioria dos países democráticas a partir do século XX. Um dos grandes nomes femininos na política nacional foi Antonieta de Barros. Mesmo sendo uma jovem negra, filha de ex-escravos, a florianopolitana aprendeu a ler e criou um curso de alfabetização de pessoas carentes. Logo teve notoriedade por sua didática e tornou-se professora em escolas particulares para a "elite branca". Em 1934 houveram as primeiras eleições com a participação de mulheres no estado e ela foi a primeira mulher a assumir uma vaga na assembleia legislativa catarinense, sendo uma das únicas três mulheres eleitas no país à época e a primeira negra. Em 1937, o mesmo ano em que assumiu a presidência da assembleia, teve seu mandato cassado pelo Estado Novo, mas nem isso foi capaz de pará-la. Com a redemocratização, retornou a ser deputada. Pensa que ela fez pouco? Sabe o Dia do Professor, celebrado no 15 de outubro? Pois bem, lei criada por Antonieta.

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#Elas no Esporte

Salto com vara

Você já imaginou alguém que consegue quebrar um recorde 28 vezes? A autora da marca é Yelena Isinbayeva, maior atleta da história do salto com vara. A russa alcançou a marca de 5,06m no salto com vara. Yelena é a única mulher da história a ultrapassar os 5m. Além dos recordes, a prateleira da atleta conta com três medalhas olímpicas (ouros em Atenas 2004 e Pequim 2008; bronze em Londres 2012), três em Mundiais (bronze em Paris 2003 e ouros em Helsinque 2005 e Osaka 2007) e dois prêmios Laureus (2007 e 2009).

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MMA

Atualmente, uma mulher é a principal representante do Brasil nas artes marciais mistas. Amanda Nunes é um dos maiores nomes do Ultimate Fighting Championship (UFC). Atual detentora dos cinturões do peso-galo e do peso-pena, a “Leoa” foi a primeira atleta da história a portar o título de duas categorias diferentes ao mesmo tempo. Com o cartel de 13-1 no evento, a brasileira pode aumentar o cartel no confronto de sábado (6), contra Megan Anderson, na luta principal do UFC 259. Se derrotar a australiana, Amanda Nunes alcançará a marca de 12 lutas de invencibilidade e sete defesas de cinturão.

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Tênis

Uma das maiores atletas da história do esporte, Serena Williams é a recordista de títulos de Grand Slams - entre o masculino e feminino – com 23 títulos na era aberta. A tenista estadunidense também ostenta quatro ouros olímpicos. Ao todo, conquistou 98 títulos, entre torneios simples, duplas e duplas mistas. Atualmente, aos 39 anos, Serena é a 7ª melhor tenista do ranking da WTA.