Chiquinha Gonzaga, Luiz Gonzaga, Tom Jobim, Milton Nascimento e outros grandes nomes da música brasileira se encontrarão no palco do Teatro Ouro Verde nesta quinta-feira (18). O show “Um olhar interior”, do Sergio Reze Falando Música Quarteto, levará uma interpretação “jazzística” de clássicos nacionais para o 44° FIML (Festival Internacional de Música de Londrina).

O quarteto, além de Reze na bateria, é composto por Alexandre Ribeiro (clarinete), Daniel Grajew (piano e acordeon) e Sidiel Vieira (contrabaixo). Em agosto, eles entrarão em estúdio para gravar seu primeiro disco, com as músicas que serão apresentadas em versão consolidada em Londrina.

Em entrevista à FOLHA, Reze explica que o show foi pensado ainda durante a pandemia da Covid-19, buscando fazer conexões com um Brasil profundo. As memórias afetivas do baterista e as raízes da música brasileira se misturam na apresentação.

O repertório é composto por músicas como “Corta Jaca”, de Chiquinha Gonzaga; “1 X 0”, de Pixinguinha; “Ternura”, de K-ximbinho; “Chega de Saudade”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes; “Clube da Esquina 2”, de Milton Nascimento, Lô e Márcio Borges; “Laser”, de José Miguel Wisnik e Ricardo Breim; e “Chovendo na Roseira”, de Tom Jobim.

“O show é uma interpretação do quarteto de temas, de músicas, de pérolas do Brasil seguindo uma ordem cronológica e de gênero musical. Por exemplo, começamos com o maxixe, que talvez, junto com o choro, seja primeiro gênero músical brasileiro que se espalhou pelos centros urbanos”, explica Reze, que ainda cita uma viagem pelo samba, bossa nova e música contemporânea. “Temos um momento especial ao nordeste, com pérolas do cancioneiro nordestino. Depois vamos para Minas Gerais, passando pela Bahia, pensando na história do Brasil.”

O diferencial da apresentação é justamente a junção de músicas familiares ao ouvido brasileiro com a espontaneidade da interpretação, que é um elemento central do jazz. A forma e a estrutura são mantidas, mas os músicos constroem o arranjo com liberdade para improvisar.

“Esse é o caráter universal do jazz. Você não precisa tocar exatamente o jazz norte-americano, os temas norte-americanos. Você se apropria da linguagem e a utiliza em qualquer gênero musical”, afirma o baterista.

BATERIA ‘À BRASILEIRA’

Quem já viu - e ouviu - Sergio Reze ao vivo percebeu a particularidade da sua bateria, que veio sendo desconstruída ao longo dos anos. Ele diz ser apaixonado pela base do instrumento e que o expandiu “de acordo com o meu pensamento e sentimento em relação à música".

“Eu uso muitos elementos melódicos, como os gongos melódicos, fazendo com que a bateria tenha não só o papel de um instrumento que conduz a parte rítmica, mas que também atua melodicamente em apoio à harmonia da música”, explica Reze, que pontua que se trata de “uma bateria olhando para nossa tradição brasileira”.

PROCESSO FORMATIVO

Além da apresentação do dia 18, o quarteto vai realizar até 19 de julho oficinas no FIML. Serão cursos individuais com cada um dos músicos - o de Grajew, por exemplo, será de piano criativo - e haverá uma oficina de jazz e MPB com os quatro.

“Separamos um material para os alunos muito bacana tanto de música brasileira quanto de standards do jazz. A ideia é ouvir o material, decodificar essa linguagem e, após ser estimulado por isso, recriar esse material durante a oficina, na prática”, explica Reze.

A apresentação dos alunos será no dia 20 de julho, às 16h, na AML (Associação Médica de Londrina).

SERVIÇO

Show “Um Olhar Interior”

Quando: quinta-feira (18), às 20h30

Onde: Teatro Ouro Verde

Ingressos: Sympla

R$ 50 e R$ 25 (1º lote) / R$ 60 e R$ 30 (2º lote) / R$ 70 e R$ 35 (3º lote) + 10% taxa de serviços Sympla

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Apresentação dos alunos do curso “Prática de Jazz e MPB”

Quando: sábado (20), às 16h

Onde: AML (em frente a Concha Acústica)

Ingressos: Gratuitos