As previsões se tornaram realidade para “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, O filme, dirigido por Daniel Kwan e Daniel Scheinert, foi o vencedor da 95ª edição do Oscar, em gala , no domingo (12) à noite, no Dolby Theatre em Los Angeles. O longa- metragem levou sete estatuetas das onze para as quais foi nominado. Além de receber o prêmio de melhor filme, os diretores ganharam a estatueta de melhor direção, melhor montagem e roteiro original. E parte do elenco também saiu carregando troféus: Michelle Yeoh, Jamie Lee Curtis e Ke Huy Quan. “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” aparece a partir de agora como o filme mais premiado da história do cinema, com 336 prêmios e 691 indicações obtidos durante 2022 e neste início de ano.

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As redes sociais e a mídia da Malásia se encheram de mensagens de orgulho, depois de ver sua compatriota Yeoh receber o premio de melhor atriz. O primeiro-ministro do país, Anwar Ibrahim, não deixou por menos no Twitter: "Este momento realmente eleva o nome da Malásia no cenário internacional. Espero que esta conquista inspire artistas e cineastas malaios. Parabéns a todos." E a festa asiática marcou mais um tento no quintal de Hollywood: os recentes “Parasita”(2019) e “Minari”(2020) também sairam dourados da premiação do Oscar.

Imagem ilustrativa da imagem Oscar 2023: todos os prêmios, em todos os lugares
| Foto: Amy Sussman/ AFP

Por trás de tantos prêmios para “Tudo...” nesta 95ª edição do Oscar está a produtora independente A24, que bateu a insinuante Netflix, poderosa dona do mais assistido serviço de streaming do mundo, com cerca de 300 milhões de assinantes via Internet. Ela conseguiu cinco estatuetas das nove que disputou como produtora e exibidora de “Nada de Novo no Front”, o consistente drama antibélico alemão dirigido por Edward Berger. A A24 foi o primeiro estúdio na história do Oscar a vencer em todas as categorias principais, e o primeiro a vencer em todas as categorias de atuação (“A Baleia”, que deu o prêmio de melhor ator a Brendan Fraser, também leva o selo A24). Pelo menos por enquanto, os rumos imediatos de Hollywood estão sendo levados levados por uma dúvida tão curiosa quanto estimulante: filmes que não são realizados para ganhar premios podem ganhar prêmios?

Brendan Fraser com o Oscar de melhor ator por "A Baleia"
Brendan Fraser com o Oscar de melhor ator por "A Baleia" | Foto: Amy Sussman/ AFP

A lamentar o descarte, na lista de premiações, de dois títulos de qualidade bem acima da média: “Os Banshees de Inisherin”, de longe o melhor, mais consistente roteiro original (de Martin McDonagh, também diretor); e “Os Fabelmans”, uma efetiva e afetiva classe de mestre de cinema ministra da Steve Spielberg – paradoxalmente não inteligível aos olhos e ouvidos de organização que se intitula justamente Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, por asiática coincidência eleita presidente da entidade em setembro de 2022.

A cerimônia, que bem poderia ser chamada de “multiverso banhado a ouro”, deve ser considerada como correta. Rápida e pontual, encerrada à meia-noite e meia (hora brasileira, um recorde) e cumprindo todos os protocolos previstos (artísticos, não mais sanitários), deve ser saudada como esforço bem sucedido de retomada da normalidade pós pandemia, embalada por várias referencias ao hábito de voltar às salas de cinema.

Por isso estavam lá, nominados e perfilados (premiados já era outra questão), os títulos pesos pesados da temporada, os que mais faturaram : “Top Gun – Maverick”, “Avatar – O Caminho das Aguas” e “Pantera Negra –Wakanda Forever”.

Com moderado carisma, o comediante Jimmy Kimmel marcou sua volta à gala com um tom comedido e humor mais contido – não tirou muito sangue da histórica bofetada de Will Smith em Chris Rock, saiu-se bem nas rápidas provocações com celebridades na platéia e manteve timing elogiável nos comentários. As piruetas coreográficas daquela considerada melhor canção original – a zebra pop-indiana “Naatu Naatu”, do filme “RRR” (Revolta, Rebelião Revolução) – ajudaram a incrementar o clima-arrastão-festivo em torno de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” e sepultaram as pretenções de Rihanna e Lady Gaga.

Agora já sabem, se ainda não sabiam: há um novo, imponente Academy Museu of Motion Pictures em Los Angeles. O CEO do Museu, Bill Kramer, foi o garoto propaganda da atração. E como a morte é hábito também frequente no meio cinematográfico mundial, a seção In Memoriam, apresentada por John Travolta, atualizou a lista de obiturários – como todo ano, os fãs fiscalizam com rigor as ausências. A gafe maior e imperdoável foi a omissão do nome da atriz sul-africana Charlbi Dean, que morreu em Nova York aos 32 anos, em agosto do ano passado, após atuar no longa sueco “O Triângulo da Tristeza”. Que este ano era um dos dez concorrrentes ao Oscar.

O produtor Jonathan Wang (à esquerda), os diretores Daniel Kwan e Daniel Sheinert (à direita) com as estatuetas por "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo"
O produtor Jonathan Wang (à esquerda), os diretores Daniel Kwan e Daniel Sheinert (à direita) com as estatuetas por "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" | Foto: Angela Weiss/ AFP

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