O rapper Djonga, nome artístico de Gustavo Pereira, volta a se apresentar em Londrina na sexta-feira (29) após três anos longe dos palcos da cidade. Com letras reflexivas e críticas voltadas para o antirracismo e a autoestima dos jovens da periferia, o mineiro é destaque no rap nacional nos últimos anos e o primeiro brasileiro indicado ao maior prêmio internacional de hip-hop, o BET Hip-Hop Awards, em 2020. A apresentação de Djonga marca a volta dos eventos de rap na cidade e tem grande adesão do público: os ingressos do 6º e último lote esgotaram na quarta-feira (27).

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O artista possui um repertório de cinco discos na carreira com mais de 3 milhões de ouvintes mensais nos streamings de música e mais 2 milhões de inscritos no canal do Youtube. Os álbuns "Heresia", "O Menino Que Queria Ser Deus", "Ladrão", "Histórias da Minha Área" e "Nu", lançados todos os anos de 2017 a 2021, relatam as dificuldades de quem esbarra na barreira racial para alcançar objetivos, individuais e coletivos.

Djonga tem cinco discos gravados com mais de 3 milhões de ouvintes mensais nos streamings de música
Djonga tem cinco discos gravados com mais de 3 milhões de ouvintes mensais nos streamings de música | Foto: Rubens Cavallari/Folhapress

Em cada uma de suas canções permanece uma relação precisa entre reflexão e política que não só cativa o público de maneira sincera, mas também cria uma conexão entre a geração que anseia por mudanças sociais e a juventude periférica, da qual Djonga é porta-voz. Djonga esteve em Londrina pela primeira vez em 2017 e continuou se apresentando nos anos seguintes até o início da pandemia de covid-19. Durante o isolamento, os fãs precisaram consumir o trabalho do rapper virtualmente. Agora, a possibilidade de assisti-lo ‘’ao vivo e a cores’’ anima seus admiradores e os produtores culturais.

Para Adelino dos Santos, CEO da produtora de eventos Hash Entretenimento, existe grande satisfação em acompanhar a evolução do rapper com o passar do tempo e trazê-lo de volta à cidade. ‘’Londrina vive um caso de paixão com o Djonga, é um público que sempre responde muito bem e esgota ingressos antes do dia do evento. Vamos assistir a performance de um artista que tem se apresentado nos principais festivais do Brasil, como o Lollapalooza e o João Rock, com certeza será uma festa linda’’, destaca.

ARTISTAS LOCAIS ABREM O EVENTO

Sete artistas locais do movimento hip hop londrinense são responsáveis pela abertura do show: Dj Frá, Thales Uzi, Rhai, Plebeu, Pateta Código 43 e o coletivo de dança Lab Gang. Entre eles também está Lawan, nome de batismo de NegoLaw, londrinense de 19 anos e fã de Djonga. O jovem conta que recebeu o convite há alguns meses e desde então, não pensa em outra coisa. ‘’Dividir o mesmo palco com ele é a realização de um sonho que eu não esperava acontecer tão rápido. Ele é uma inspiração muito grande para nós!’’, explica.

Lawan, 19 anos e fã de Djonga, também vai estar no palco
Lawan, 19 anos e fã de Djonga, também vai estar no palco | Foto: Acervo pessoal

‘’Minha expectativa para show é a mesma, casa lotada, muito barulho, muita troca, espero devolver toda eletricidade desse espaço na mesma intensidade que vier’’, celebra Plebeu, artista mineiro - assim como Djonga - que vive em Londrina e tem como referência o movimento jamaicano dancehall. Ele explica que seu compromisso com as pessoas se fortifica através da arte que faz e que deseja levar essa expressão de confiança e valorização na noite de sexta-feira, para ele, mais do que uma apresentação, ‘’é um espaço de autonomia cultural, onde a gente constrói laços, se agiganta, ganha confiança, fé e força’’.

A cantora, artista e psicóloga Rhai, de 23 anos, será a única mulher a se apresentar no evento. Ela comenta que o convite foi uma oportunidade desafiadora e, por isso, pretende dar o seu melhor representando todos que acreditam em sua arte. ‘’Amo me apresentar mas não consigo dizer o quão desafiador é, ainda mais quando fui a única mulher negra convidada entre tantos nomes de peso na cidade, que admiro e me inspiro tanto’’, detalha e acrescenta a importância de se falar sobre a ausência de pertencimento do artista negro nos espaços culturais de Londrina. ‘’O quão desgastante pode ser ter que reivindicar sua presença neste lugar e se auto afirmar o tempo todo’’, conclui Rhai.

Supervisão: Célia Musilli/ Editora

Rhai (23) e Plebeu (24), artistas locais foram convidados para a abertura do show

Rhai participa da abertura do show em Londrina e será a única mulher no evento
Rhai participa da abertura do show em Londrina e será a única mulher no evento | Foto: Acervo pessoal

SERVIÇO

Show do Djonga

Realização: HashEntretenimento e Natural One

Onde: CK Eventos (Rua Prefeito Faria Lima, 1710 - Jd. Maringá)

Quando: Sexta-feira (29) às 22h

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