Estamos acostumados a evitar coisas indesejadas. Evitar monstros. Evitar machucados. Evitar que a bola fure. Evitar o derretimento do sorvete. Evitar brigas. Evitar o sofrimento. Evitar a morte.

Imaginamos que, se não olharmos para determinada coisa, ela simplesmente deixa de existir.

Se deixarmos acessa a luz do quarto, os monstros deixam de existir. Se não jogarmos bola, não poderá existir um joelho ralado no chão.

Com a morte acontece algo parecido.

Se não pensamos na morte, não significa que ela não exista. Se não olhamos para a morte, não significa que ela deixe de existir.

O Pato, personagem do livro infantil “O Pato, a Morte e a Tulipa” lançado pela editora Companhia das Letrinhas, percebe exatamente isso quando sente que sua existência não anda bem. Percebe isso quando vê a Senhora Morte andando atrás dele. Percebendo a Senhora Morte como figura simpática, não uma caveira horripilante, o Pato puxa conversa.

Conversa aqui, conversa ali, o Pato consegue despertar na Morte um sentimento inesperado, um sentimento que ela desconhecia completamente: o medo.

E o Pato vai além. Após o medo, consegue despertar outro novo sentimento desconhecido pela Senhora Morte: o acolhimento.

Mas como Pato é um bicho curioso, ele precisa de respostas. Precisa saber se, depois de tudo, ele estará sentado no céu das nuvens, olhando lá de cima a Terra girar. Ou se estará debaixo da terra onde os patos são assados no fogão eterno.

Obra do premiado escritor e ilustrador alemão Wolf Erlbruch, “O Pato, a Morte e a Tulipa” revela às crianças que olhar para coisas indesejadas pode ampliar a compreensão do medo. Principalmente do medo do desconhecido.

E o desconhecido não precisa estar necessariamente nas mãos da Senhora Morte. Ele pode estar nos braços da Senhora Vida. Como as tulipas.

Serviço:

Imagem ilustrativa da imagem Medo e acolhimento
| Foto: Wolf Erlbruch/Divulgação

“O Pato, a Morte e a Tulipa”

Autor – Wolf Erlbruch

Tradução – José Marcos Macedo

Editora – Companhia das Letrinhas

Páginas – 32Quanto – R$ 64,90