Faleceu nesta segunda-feira (16) em Londrina, aos 95 anos, o fotógrafo Júlio Moreira da Silva, lembrado por toda comunidade por inúmeros registros de casamentos, batizados e imagens de crianças que ele considerava “seus netos fotográficos.”

Gaúcho de Passo Fundo, ele chegou a Londrina em 1951 no encalço da fama da cidade que brilhava nacionalmente com o boom da produção de café e crescia em todos os setores. Aqui manteve um estúdio fotográfico até 2007, numa sala do edifício Tuparandy, no centro da cidade, na ocasião já havia completado 56 anos de profissão só em Londrina. Em março de 2010, a administração da Universidade Estadual de Londrina (UEL) prestou uma homenagem ao fotógrafo por seu pioneirismo e sua contribuição para a fotografia na cidade.

Nos anos 1960, quando as famílias londrinenses aderiram ao modismo de ter quadros dos filhos com sete expressões diferentes, chamavam Seu Júlio para fazer as imagens em preto e branco que depois eram coloridas à mão. As fotos originalmente em cores só surgiriam a partir de 1965.

Londrina é uma cidade que tem um acervo fotográfico importante que remonta à colonização. Nos anos 1950, quando Seu Julio aqui chegou já existiam outros estúdios como o Estrela, Paraná, Ogawa, Londrinam, Tanno, Niko, Tenkei Matsuo e Augusto Galante, todos com excelentes profissionais que também marcaram época.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina perde Julio Moreira,  um fotógrafo que fez história
| Foto: Karina Yamada/ Arquivo Folha 21-06-2003

Nesta segunda-feira, assim que souberam da morte de Júlio Moreira, antigos clientes lamentaram sua perda nas redes sociais evocando lembranças como: “Ele fez a foto do meu casamento” ou ”Tenho um quadro de fotografias de quando era criança feito por ele.” Em entrevista à repórter Karla Matida, publicada na Folha de Londrina em 2007, ele falou da novidade das multifotos que trouxe a Londrina e que foi muito requisitada pelas famílias até os anos 1970.

Os quadros com as sete carinhas das crianças rindo, chorando ou atendendo ao telefone são as marcas de um período em que a modernidade atravessava vários segmentos e os registros fotográficos e cinematográficos faziam o mesmo sucesso que hoje fazem os recursos trazidos pela internet.

Júlio Moreira era casado com dona Leoni com quem teve quatro filhos: Marcos, Denise, Jussara e Marise. Seu velório acontece nesta terça-feira (17) no Cemitério Parque das Alamandas em cerimônia restrita por causa da pandemia do coronavírus, o sepultamento está marcado para o meio-dia.