Essencial, a comunicação é a forma pela qual a sociedade partilha informações. Do latim "communicare" o termo significa "partilhar, participar algo, tornar comum". Ferramenta de integração e desenvolvimento, a comunicação é um verdadeiro processo de transmissão de informação entre um emissor e um receptor que interpreta uma mensagem.

E nesse processo, a escola tem um papel fundamental. Conforme pressupostos contidos na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), cinco eixos representam as práticas de linguagem: oralidade, leitura/escuta, produção (escrita e multissemiótica) e análise linguística/semiótica para todos os anos do ensino fundamental. E nessa reportagem, a produção escrita e seus gêneros textuais é o tema abordado.

A produção de texto, por sua vez, é uma atividade bastante trabalhada em sala de aula e permite que o aluno desenvolva suas habilidades dentro da extensa classificação. De acordo com a mensagem que precisa ser dada, há formas para se produzir seguindo a classificação dos gêneros textuais.

Gêneros textuais são as diferentes formas de texto usadas para transmitir as mensagens que pretendemos aos seus receptores. Assim, os alunos são preparados para saber escrever listas de compras, bilhetes, receitas, crônicas, de acordo com a função comunicativa.

Os gêneros textuais são classificados conforme a sua função comunicativa. Eles são produzidos com linguagens e estruturas diferentes, ou seja, cada gênero textual recorre a um tipo de texto. E os gêneros também possuem classificação: narrativo, descritivo, argumentativo, expositivo e injuntivo.

De acordo com a coordenadora pedagógica da Escola Municipal Ignez Corso Andreazza, no Vivi Xavier (zona norte), Adriana de Souza Silvestre, as atividades são desenvolvidas sempre de forma contextualizada com os conteúdos e nível de aprendizagem dos estudantes. "E de modo interdisciplinar também, uma vez que podem escrever sobre alimentação de forma argumentativa somando informações aprendidas nas aulas de Ciências", cita. Integram a gestão da unidade a diretora Roseli Grana e sua auxiliar de direção Mayara Novaes Rego Camargo.

Um exemplo é a premiação da aluna do 5º ano C, Kayllayni da Silva Lino, que no ano de 2023 foi premiada com um tablet em um concurso de redação que tratava sobre alimentação saudável, promovido pela Prefeitura de Londrina. "Os alunos tinham subsídios a respeito do assunto e por isso conseguiram desenvolver textos coesos, coerentes e também a estrutura - com começo, meio e fim", observa.

Em 2024, a temática proposta pela Secretaria de Educação é "O Japão que inspira". As redações já foram enviadas e além de considerar que os concursos são formas de incentivar a escrita e todo o trabalho dentro da sala de aula, a coordenadora explica que os alunos recebem uma resposta sobre o trabalho apresentado e tem a chance de compreender como podem melhorar e também prestigiar os colegas.

"Neste ano, puderam discorrer sobre o Japão de forma a somar informações sobre as riquezas culturais, a localização geográfica, a extensão territorial, o clima e também as conquistas do povo japonês, as indústrias, o trabalho dos dekasseguis, a imigração e também a migração", expõe a coordenadora.

Além do incentivo dos professores e da gestão municipal como um todo, considera que o apoio dos pais é fundamental para o avanço dos alunos nesse processo que busca o avanço na comunicação e expressão. "Os pais possuem um papel muito importante e notamos que, diante de todos os esforços, os alunos sabem da importância de dominar as regras gramaticais dentro de suas possibilidades e também o gênero em questão. Precisam ter em mente sempre que é necessário ter repertório, interesse e estar sempre praticando para se aprimorar", ensina a coordenadora pedagógica.

Aprendizado com efeito permanente

Jullie Kêmily Niclevicz Trindade tem 17 anos, é natural de Londrina e no Ensino Fundamental estudou na Escola Municipal Leônidas Sobrino Porto, no Jardim Leonor (zona oeste). Atualmente, conclui Ensino Médio no Colégio Olympia de Moraes Tormenta e acaba de lançar o livro "Borboletas que habitam em mim", uma coletânea de poemas em forma de prosa.

Imagem ilustrativa da imagem Escolas municipais preparam alunos para se comunicar

A jovem escritora conta que sempre gostou muito de ler. "Quando aprendi a escrever na escola, eu comecei a fazer diários, pois eu queria registrar as coisas, eu queria passar pro papel tudo que eu via, sentia e pensava".

Segundo a estudante, o ambiente, os professores e o contexto escolar são referências nesse primeiro trabalho. "Muitas das referências e ideias de coisas que escrevi e escrevo muitas vezes vêm de alguma reflexão, algum pensamento que tive durante as aulas, algo que eu ouvi durante a aula e situações que acontecem na escola."

Para quem tem curiosidade e também se identifica com a estudante, ela conta que muitos textos já estavam prontos para entrarem nesta edição. "Escrevo há muito tempo e tenho pilhas de cadernos em casa onde guardo meus textos. Sempre coloco as datas, inclusive há textos no livro que escrevi em 2019, mas também tem muitos textos que foram escritos em 2023, o ano em que escrevi o livro", revela.

Com uma obra que inclui textos de tempos diferentes, o do último capítulo traz um um especial: a autora escreveu para o seu aniversário de 17 anos. Em celebração e com perspectivas, está em fase de decisão sobre o vestibular. Entre a Psicologia e as Artes Visuais, segue com suas leituras específicas para o vestibular e também encontra tempo para seus autores favoritos: Amanda Lovelace, Felipe Rocha, Felipe Arco, Bell Hooks, entre tantos outros.

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América Coimbra para o mundo

Os podcasts também são gêneros textuais. Em forma de conteúdo digital e transmitido via internet, de modo mais comum via áudio, são uma prática na Escola Municipal América Sabino, no residencial Vista Bela (zona norte), desde 2022 - quando entrou no ar o América Cast.

Em um primeiro momento, o projeto era dedicado a alunos do 5º ano do Ensino Fundamental e desde 2023, ganhou duas mudanças significativas: todas as turmas passaram a realizar atividades deste gênero textual e a escola ganhou uma estrutura própria para as gravações das entrevistas.

De acordo com as coordenadoras pedagógicas da unidade, Nathália Alves da Silva e Nucia Naziero Munhoz, Franciele Oliveira Zabini e Débora Franzo Beneciutti os estudos variam e incluem assuntos de interesse comum da sociedade e relacionados aos conteúdos das turmas.

A integração de toda a escola foi de grande importância, pois é um gênero de alcance indiscutível e também serviu de integração a todos os alunos, motivando-os", expõe. A unidade tem como diretora Patrícia Cavalcanti Ramos Shinaide e sua diretora auxiliar é Carolina Franciele Domingues Lino e toda a gestão acredita que o gênero podcast é mais uma ferramenta para o desenvolvimento de habilidades. Para a produção do conteúdo, os alunos dedicam-se à pesquisa, roteiro e participam de todo o processo.

Temas como autismo já estiveram na pauta do programa, assim como profissionais de destaque já foram entrevistados pelos alunos do América Coimbra como o jornalista e apresentador Vinícius Buganza, o prefeito Marcelo Belinati e o escritor e historiador Leandro Magalhães e o radialista Luiz Carlos "Vermelho" Oliveira.

A coordenadora pedagógica Nathália Alves da Silva destaca que de modo específico, o podcast exige leitura, escrita e oferece uma vivência, pois os alunos sentem-se valorizados, colocam em prática habilidades conforme a faixa etária e o nível de desenvolvimento escolar. E por ser uma atividade ligada à tecnologia representa um complemento ao estudo dentro e fora da sala de aula.