Edibar é premiado em Portugal
Personagem do cartunista Lucio Oliveira, colaborador da FOLHA, ganha prêmio internacional
PUBLICAÇÃO
sábado, 26 de setembro de 2020
Personagem do cartunista Lucio Oliveira, colaborador da FOLHA, ganha prêmio internacional
Walkiria Vieira - Grupo Folha
De tirinha em tirinha, Edibar conquista. Rei da bola-fora, o bebedor de cerveja converte a frouxidão exagerada e o casamento comicamente debaixo de briga em leitores assíduos. E esses se multiplicam mundo afora graças à interação digital e também os impressos, que tem feito a literalmente a alegria dos europeus desde que Edibar chegou por lá, três anos.
Soma-se à fome de riso, bom gosto e valor cultural dos quadrinhos - em Portugal chamada de banda desenhada - o estilo próprio de Edibar de levar a vida que diverte. Ele tem amigos de verdade e para todas as ocasiões, um cachorro e uma cobra, leia-se sogra geniosa. O prato cheio de criatividade alimenta os fãs de Edibar, reconhecidamente hoje espalhados pelo mundo. Seu criador, o cartunista paranaense Lucio Oliveira ainda comemora recente prêmio, concedido a ele durante o XVII Troféus Central Comics (TCC). Trata-se do único prêmio da banda desenhada portuguesa realizado por votação do público, onde os próprios leitores e fãs, mas também os profissionais do sector, determinam os vencedores.
Da indicação ao anúncio do resultado, a expectativa foi grande. "Foram três meses de coração na mão", revela o cartunista Lucio Oliveira. No meio de artistas do mundo inteiro, ele recorda que se sentiu praticamente um penetra dentro de toda essa celebração à arte. "A primeira indicação apresentou 500 nomes. Daí foram 30 dias de espera até a notícia de que eu estava entre os finalistas. Era eu e quatro portugas", conta. Com 48% dos votos, Oliveira atribui aos fãs de todo o mundo o resultado. "Os quatro concorrentes somados não alcançaram minha pontuação e a sensação de ser premiado no exterior para quem é desse ramo é surreal. Esse troféu tem o gosto de satisfação. É como se não precisasse de mais nada", alegra-se. O segundo lugar atingiu 23,3%, o terceiro 20,9, o quarto 5,8 e o último 2% dos votos.
Satisfeito sim, mas entregue também a uma trajetória de sucesso, o cartunista reconhece que muitos olhares se voltam para Edibar. "Isso é muito significativo, até porque outros cartunistas brasileiros vivem essa experiência e seus personagens viraram filmes e seriados de TV". André Diniz, Marcelo Quintanilha e Marcelo D´Salete já sagraram-se por lá.
De boteco em boteco, de bar em bar, o destino de Edibar pode incluir ainda virar personagem de uma marca de cerveja ou desenho animado. "Infelizmente no Brasil é preciso lamber as botas de alguém para ter espaço, em Portugal a cultura dos quadrinhos é muito valorizada e para se ter uma ideia, seu trabalho é enaltecido pelo entretenimento que proporciona ao ponto de a banda larga lá ser usada como meio de comunicação de campanhas para a população", narra. Somos muito respeitados", sinaliza. Com o desejo de estreitar a relação com os fãs e também incentivar novos talentos, Oliveira considera que o apoio é essencial. "Para uma oficina basta sulfite e um lápis apontado", ensina. "Poderíamos ter encontros de cartunistas e é preciso muita persistência para trilhar um caminho".
Com 10 anos de publicações no Brasil, Edibar sagra-se pelo humor aqui e no exterior. Avesso às regras, já suspendeu a quarentena por conta própria, mas os fãs não desistem dele. "O público enxerga o Edibar como uma pessoa de verdade, tão grande é o carinho e a identificação. Durante a pandemia, recebi muitos pedidos para que Edibar se comportasse. Então ficou bebendo em casa e quando ia pra rua, usava a máscara para se prevenir do contágio do Covid-19. " Mas deve ser difícil segurar alguém com tanta personalidade. "O lançamento do terceiro e quarto livro estão programados", adianta.