Rio de Janeiro - Não foi apenas a despedida de dois dos maiores nomes da música. Mas de um tempo da música carioca, brasileira e mundial que se encerrou nesta terça-feira (25) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com a despedida das cantoras Doris Monteiro, sob um vaso de orquídea rosa e coberta pela bandeira do seu Vasco, e da cantora Leny Andrade, sob um vaso de orquídea branca, e a camisa do seu Flamengo.

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Presente na despedida, a cantora Eliana Pittman, uma das principais vozes da geração, estava sem palavras. "Já não basta morrer, tem que morrer logo as duas?" Para a cantora, cada uma das vozes era única. Doris marcada por sua sagacidade e suingue e Leny, um "furacão". "As duas da mesma escola musical chamada Rio de Janeiro. Elas são a carioquice."

O escritor, jornalista e colunista Ruy Castro também ressaltou a brasilidade e a modernidade de ambas, afastando qualquer comparação de Leny Andrade com cantoras como Ella Fitzgerald. "A Leny não devia nada a Ella Fitzgerald. Todo canto que não seja valsa é jazzístico. Cantores do mundo inteiro tomaram esse tipo de liberdade."

A sua brasilidade pode ser atestada numa gravação de "Dindi" que deve vir a público brevemente, no álbum do cantor João Cenasi. "Ela fez questão que fosse em português", ele falou.

Doris Monteiro - uma das primeiras cantoras a gravar com Tom Jobim - esteve presente no aniversário de Ruy Castro, em agosto do ano passado, onde se apresentou ao público. "Ela tinha a mesma voz de 50 anos atrás. Foram grandes perdas. Nunca vão aparecer cantoras como Doris Monteiro e Leny Andrade."