2ª Mostra de Cinema Negro de Londrina promove a inclusão
A partir deste sábado (12), o Cocine exibe 70 filmes que exploram o cinema popular, comunitário, inclusivo e antirracista
PUBLICAÇÃO
sábado, 12 de outubro de 2024
A partir deste sábado (12), o Cocine exibe 70 filmes que exploram o cinema popular, comunitário, inclusivo e antirracista
Luiza Arlindo/ Estagiária
Londrina se prepara para vivenciar momentos de conexão com a exibição de filmes que transcendem a simples exposição de obras cinematográficas.
A partir deste sábado (12), até domingo (27), acontece a 2ª Mostra de Cinema Negro de Londrina, um evento que busca não só promover a produção cinematográfica brasileira, mas também criar pontes entre o público e obras que conversem com a linguagem do cinema popular e comunitário, inclusivo e antirracista.
O evento é um convite aberto à reflexão e ao encontro de histórias que ecoam a vivência e as lutas de um Brasil plural e repleto de vozes além de reafirmar o poder do audiovisual.
Durante sete dias de exibições gratuitas, os presentes poderão desfrutar de ações que envolve a apresentação de 70 filmes (curtas-metragens), realizados em 19 estados brasileiros, e um dia de palestra com a temática “Fotografia Popular”, ministrada pelo fotógrafo carioca e professor da Escola de Fotografia Popular da Maré, Ratão Diniz.
O evento é conhecido por ser um festival de cinema não competitivo realizado pelo Cocine (Coletivo de Cinema Negro de Londrina). Fundado em 2022, o objetivo do grupo é pesquisar, debater e divulgar o cinema negro, o cinema popular e suas diversas ramificações na cidade de Londrina. Para fazer acontecer, o Coletivo é composto por pesquisadores e pesquisadoras no campo do audiovisual, comunicação, história social e dos estudos da linguagem.
Segundo o coordenador geral do evento, Wellington Victor Pereira da Silva, a Mostra tem uma contribuição cultural, simbólica e de representatividade imensa para a população londrinense em geral. “O evento é de grande importância pois, para além de movimentar a cultura cinematográfica da cidade, busca promover o acesso às diversas produções do cinema brasileiro”, conta.
Confira o trailer do filme "Como Nossos Passos Seguirão os Seus", de Uilton Oliveira:
Nesta 2ª edição, a proposta de reunir filmes curtas-metragens do Brasil em quatro linhas de abordagem - o cinema negro, cinema popular e comunitário, cinema indígena e cinema infantil -, traz para a população uma variedade de obras que respeita a singularidade de cada estado brasileiro. É possível encontrar filmes das regiões de São Paulo (SP), como Além das Pipas (2023); Rio de Janeiro (RJ), como Nossos Passos Seguirão os Seus… (2022); Bahia (BA), com e Òrun Àiyé: A Criação do Mundo (2015); Minas Gerais (MG) com Monalisa (2024) e Medu du Escuro (2024), entre outros.
Além das produções nacionais selecionadas pela Mostra, o evento trará filmes produzidos por realizadores londrinenses na Mostra Londrina, como "Não Estamos Sós" (2024). “O objetivo esse ano é promover acesso à essas produções, divulgar o cinema popular e as produções locais, evidenciando uma abordagem que não trate as pessoas de forma pejorativa, mas que amplifique o cinema inclusivo, diverso e antirracista”, conta Wellington Victor.
A programação completa pode ser encontrada no site da Mostra, bem como os locais onde cada filmes será exibido e horários. Também é possível acompanhar atualizações através do perfil nas redes sociais do Cocine.
UMA ESTREIA QUE RESSOOU HISTÓRIAS
A primeira edição da Mostra aconteceu em maio de 2023 quando os organizadores viram a necessidade de resgatar a memória do primeiro cineasta negro de Londrina, Ari Cândido Fernandes.
Na ocasião, o pesquisador de cinema e integrante do Cocine, Fagner Bruno de Souza, descobriu sobre Ari durante a pesquisa de mestrado e, desde então, ele e o cineasta mantiveram contato, o que possibilitou descobrir os filmes realizados por Cândido.
O profissional teve reconhecimento nacional e internacional pela sua carreira, inclusive como primeiro fotojornalista negro brasileiro a trabalhar como correspondente internacional de guerra, quando atuou no fim da década de 1970.
Em parceria com o Museu Histórico de Londrina, ao longo de três dias, londrinenses puderam ter contato com os seis filmes dirigidos por Cândido que registram a grande contribuição de sua obra para o cinema negro brasileiro. Sendo eles: “Por que a Eritréia?” (1979)”, “Martinho da Vila, Paris 77” (1977), “Pacaembu: terras alagadas” (2006), “O Moleque” (2004), “Jardim Beleléu” (2009) e “O Rito de Ismael Ivo” (2003).
Além disso, após 40 anos distante, o homenageado da Mostra voltou para a cidade a fim de participar de rodas de conversas com o tema “O negro no cinema brasileiro e as produções cinematográficas de Ari Cândido Fernandes”.
Segundo o coordenador, na época, a adesão do público foi muito positiva. “Tivemos a participação da população interessada no cinema do Ari. Além disso, participaram representantes de movimentos populares e, também, participantes das Oficinas de Cinema Popular, que puderam interagir com o cineasta”.
Ari Cândido Fernandes faleceu em 19 agosto de 2023.
PARA ALÉM DA MOSTRA
O Coletivo promove a Oficina de Cinema Popular, um curso que, desde sua primeira edição em 2023, busca democratizar o acesso à linguagem e à produção cinematográfica por meio de aulas com profissionais experientes.
A Oficina explora a introdução e o desenvolvimento do cinema, com um enfoque especial no cinema popular e comunitário. As aulas são divididas em módulos teóricos, técnicos e práticos, capacitando os participantes para dominarem a linguagem. O projeto atua na linha de construir oportunidades e ampliar o acesso à produção e participação cultural no universo do cinema.
A VALORIZAÇÃO EM OUTRAS LOCALIDADES
Além de Londrina, outras regiões do País buscam promover o cinema negro a partir de iniciativas, é o caso do Festival Cinema Negro em Ação realizado no Rio Grande do Sul. Desde o início, além de exibir produções cinematográficas com protagonismo negro, o Festival oferece consultorias e laboratórios e realiza homenagens a personalidades importantes do cinema negro para promover debates e criar oportunidades de visibilidade.
No Brasil, desde 2016, cineastas negros podem contar com a Apan (Associação de Profissionais do Audiovisual Negro). A instituição busca fomentar, valorizar e divulgar o cinema negro do pais. Além disso, promove diversas iniciativas como a plataforma de streaming Todes Play e a plataforma de ensino a distância Apan EAD.
Confira o curta "Além das Pipas" , de Thiago Rodrigues Oliveira:
* Supervisão: Célia Musilli/ Editora
SERVIÇO:
Sábado (12) – tarde: Sessão Mostra de Cinema Infantil, Associação Ciranda da Cultura, região oeste
Quinta-Feira (17) – noite: Sessão Mostra Geral de Filmes; Ocupação Flores do Campo, região norte
Terça-Feira (22) - tarde: Sessão Mostra Londrina, Biblioteca Pública de Londrina, região central
Terça-Feira (22) - noite: Sessão Mostra Geral de Filmes, Biblioteca Pública de Londrina
Quinta-Feira (24) - tarde: Sessão Mostra Geral de Filmes, Biblioteca Pública de Londrina
Quinta-Feira (24) - noite: Palestra “Fotografia Popular”, com o fotógrafo carioca, Ratão Diniz, Biblioteca Pública de Londrina
Sexta-Feira (25) - manhã e tarde - Sessão Mostra Geral de Filmes, NEAB/UEL
Sábado (26) - manhã - Sessão Mostra Geral de Filmes, Norte Cultural
Domingo (27) - tarde e noite - Sessão Mostra Geral de Filmes, Vila Cultural Casa da Vila, região central