Uma pergunta infalível de todo torcedor é para saber qual o time de coração de um jornalista esportivo. E não é para ter simplesmente conhecimento, mas para saber quando e porquê das críticas ao time dele. E, pode ter certeza, o torcedor quase sempre erra. Erra porque é passional.

Não existe quem trabalhe com futebol que não tenha um time de preferência. É a essência da história de ter se tornado um jornalista esportivo, o contato desde pequeno, já vindo da preferência de avós e pais. E, naturalmente, a paixão por futebol e por um clube. Sim, há alguns que ao longo do tempo “quebram” essa sequência, mas não diminui a ligação com o esporte.

Poucos jornalistas já superaram essa barreira de trabalhar e terem seus times de coração revelados naturalmente, sem assédio desrespeitoso. Mas a maioria ainda prefere “esconder”, pois não há naturalidade do torcedor saber que aquele comentarista torce para outro time que não seja o dele.

Moro no Rio de Janeiro há 12 anos e ainda sou questionado qual minha preferência. O Flamengo, com maior número de torcedores no país, é, naturalmente, também o preferido por aqui. E os rubro-negros são os que mais pressionam para te conquistar ou para saber o time de cada companheiro. Como não sou daqui fica mais fácil responder e, claro, então querem saber meu time e digo: Tubarão. Sou Londrina.

E aí acontecem duas coisas interessantes: a primeira é que todos acham que a torcida é por Athletico ou Coritiba por serem os maiores no estado; a segunda, vão conhecendo um pouco mais do LEC. E falar do Alviceleste é prazeroso, mesmo em anos de subidas e descidas.

No Paraná, exceto na capital, todos têm um segundo/primeiro time que é de São Paulo ou do Rio Grando do Sul, dependendo da região. Isso também é histórico. E também tenho o meu. Mas, como bom jornalista, que também não revela tudo, sou apenas Tubarão.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina