As cenas de violência após o jogo entre Londrina e Stein/Cascavel mancharam o que deveria ter sido um grande jogo de futsal feminino no ginásio da Unopar/Anhanguera, segunda à noite (23). As duas equipes buscaram a vitória e as cascavelenses levaram a melhor na ida da semi da LFF (Liga Feminina de Futsal), vencendo por 3 a 2. Na partida de volta, domingo (29), em Cascavel, o time da casa jogará pelo empate para ir à final contra o vencedor de Taboão da Serra (SP) x Brusque (SC).

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Os relatos do início da confusão dão conta de que torcedores da organizada do Londrina vinham hostilizando os funcionários do Cascavel desde o início do jogo e que um membro da comissão técnica do clube teria provocado os apoiadores alvicelestes. A FOLHA flagrou o momento em que torcedores agrediram membros da delegação do Cascavel na quadra.

Antes disso, após o terceiro gol do Cascavel, membros da torcida organizada do LEC derrubaram placas, arremessaram objetos na quadra e passaram a hostilizar a arbitragem. Inclusive, o desempenho das juízas foi muito questionado na partida.

Em nota, a LFF repudiou “os fatos lamentáveis” que ocorreram em Londrina e disse que vai agir com rigor contra todo e qualquer tipo de violência, sinalizando possíveis punições ao clube londrinense a depender do que for apurado.

“A entidade informa que aguarda o recebimento das súmulas da partida, juntamente com os vídeos e demais documentos para verificar todas as infrações ocorridas, e reforça que serão tomadas as medidas necessárias para que episódios de violência como esse não ocorram na competição”, garantiu.

Também por meio de nota divulgada ainda na noite de segunda-feira, o Londrina Futsal lamentou o ocorrido e disse que respeitou todos os requisitos exigidos pela Liga Feminina de Futsal, mas que a situação saiu do controle.

“Pedimos sinceras desculpas a todas as atletas do Stein Cascavel, sua comissão técnica e todos os envolvidos na partida, por tudo que aconteceu”, diz o texto. O clube também disse que sempre convida o torcedor “no intuito de incentivar e prestigiar o futsal feminino, para que o esporte tenha a visibilidade que merece nos cenários local, estadual, nacional e mundial”, mas que repudia todo e qualquer tipo de violência, “seja verbal ou física, contra qualquer atleta, do nosso time, adversário ou qualquer profissional que esteja participando da partida”.

O LEC reiterou o compromisso de “sempre melhorar o futsal feminino” para que torcedores e famílias possam comparecer em segurança aos jogos.

O QUE DIZ O CASCAVEL

Em nota encaminhada à Catve, o Stein/Cascavel relatou que, durante o intervalo, “torcedores do Londrina se dirigiram até o banco de reservas onde começaram a insultar os membros da comissão técnica do time cascavelense”.

O texto descreve que o terceiro gol “rendeu uma reclamação extensa do banco do Londrina e da torcida que se dirigiu até os mesários proferindo agressões verbais” e que a técnica do LEC e algumas atletas precisaram ser contidas. “Do lado de fora, a gestora do Londrina, Vanda Cristina Sanches, de forma agressiva, instigou a torcida para ir até a mesa de arbitragem e continuar a agressão verbal contra os árbitros”, acusa o texto.

O Stein diz que, nos últimos segundos do jogo, a comissão notificou a mesa de arbitragem para que a partida não retornasse até a chegada do policiamento. Mas o jogo seguiu até o cronômetro zerar.

“Após o apito final, a gestora do Londrina e vice-presidente da LFF, Vanda, partiu para cima da arbitragem, tendo que ser contida pelas atletas londrinenses e parte da comissão técnica. Alguns torcedores foram para perto da saída, onde leva até o vestiário do ginásio. Como os ânimos estavam exaltados, a equipe cascavelense optou por ficar dentro da quadra até que chegasse a segurança, o que não ocorreu”, continua a nota.

O Cascavel relata que um torcedor do Londrina invadiu a quadra e agrediu o auxiliar técnico Felipe Bonow. O agressor foi contido, mas outros torcedores entraram no local. “O auxiliar técnico Felipe Bonow, o vice-presidente Beto Stein e a atleta Flávia Alonso, camisa 78 do Stein Cascavel, foram acertados por socos. Após a situação ter sido brevemente controlada, todos os membros da equipe cascavelense ficaram dentro do ônibus esperando a escolta da Polícia Militar para poder sair da cidade e retornar a Cascavel”, finaliza o texto. A FOLHA tentou ouvir Vanda Sanches após o jogo, mas ela preferiu não conceder entrevista.

‘INFLUÊNCIA DA ARBITRAGEM’

A técnica do Londrina Futsal, Jayne Maria Borim, ressaltou em entrevista à FOLHA que o Stein/Cascavel é uma grande equipe e que o LEC não podia errar. Mas lamentou o que ela descreveu como “influência da arbitragem”.

“A gente fez um jogo de igual para igual e infelizmente tivemos alguns problemas, o que ficou nítido, ainda bem que o jogo foi transmitido, por influência muito grande da arbitragem. Eu não entendo por que essa pressão tão grande contra nossa equipe. Acabou culminando numa sexta falta nossa, na qual não foi marcada, e acabou saindo o gol da equipe do Stein”, diz.

Borim também reconheceu a dificuldade de reverter o placar em Cascavel após a expulsão da artilheira Bruna. O jogo de volta será no domingo (29) e, com a vantagem, as cascavelenses jogam por um empate.

A técnica garantiu que, agora, o objetivo é “trabalhar a cabeça” para os próximos desafios. Além da volta da Liga Nacional, o LEC ainda enfrenta o Cascavel pelo Paranaense no dia 4 de novembro.

“Infelizmente as ações sempre são para as equipes, para quem faz o trabalho, e a arbitragem sempre continua sem punição e é muito difícil trabalhar. Quem esteve aqui viu um grande jogo de futsal, mas lutar contra uma grande equipe, com um revezamento gigantesco como eles têm, e ainda ter que lutar contra tudo, é muito complicado”, lamentou Borim.

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Torcedores ficam na bronca com arbitragem, mas confiam no título

A torcida londrinense que compareceu ao ginásio da Unopar/Anhanguera na noite de segunda-feira (23) apoiou o LEC durante todo o jogo contra o Stein/Cascavel. Os torcedores vibraram com os gols de Bruna e Vanessa, e ficaram na bronca com o desempenho da arbitragem. O desafio é reverter o placar negativo na volta.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina Futsal repudia violência em jogo; Liga promete punição
| Foto: Douglas Kuspiosz - Especial para a FOLHA

O estudante Pedro Rafael Gonçalves Senne, 22, disse que viu um bom jogo de futsal, mas que a arbitragem acabou pisando na bola. Como reforçado inclusive pela comissão técnica do time, o terceiro gol do Cascavel foi muito questionado. “A juíza pisou na bola no terceiro gol das meninas, foi falta lá na frente, mas tá ótimo. Nível altíssimo. Um gol só dá pra reverter”.

Essa é a mesma opinião da estudante Letícia Maria Gomes dos Santos, 15, que reconheceu que o Londrina teve um jogo difícil, mas bom boas chances de marcar. “O resultado podia ser diferente, mas tem a volta. O placar aqui não vale de nada”.

Já o educador físico Vitor Blanco Martins, 29, afirmou acreditar que o jogo poderia ter tido um desfecho diferente para o LEC, já que as atletas do Londrina buscaram a vitória - principalmente durante o segundo tempo.

“Eu acho que faltou um pouquinho de individual. No segundo tempo elas tiveram mais oportunidades do individual, já que rodando a bola não estava funcionando”, citando que o time pode reverter o placar no Oeste. (D.K.)