Mais um sábado para entrar na história dos dias sofridos com o Londrina. Chuva, vento, frio e arquibancada gelada. E drama. Gol, empate, gol, empate novamente. Bola na trave, gol em impedimento. Um jogo, várias possibilidades, mas a vitória eliminava qualquer possibilidade de sustos. E veio, mas só no final. Alívio, suspiro, classificação e comemoração. E corações aquecidos.

Uma partida de futebol tem o dom de nos levar a vários lugares diferentes sem sair do mesmo lugar. Alegria, gritos, medo e comemoração. Uma gangorra por um time, um jogador, um resultado e toda uma história de paixão – mesmo as mais suaves – pelo time de coração. Torcer para chuva parar. Torcer para o adversário manter o péssimo rendimento como visitante. Torcer para seu camisa 10 estar numa tarde iluminada. Torcer e torcer. Junte uma dose de oração, amuletos e até alguma promessa pela classificação.

Mas como explicar tudo isso para alguém que num sábado de chuva olha e diz: “Com um tempo assim ir a um estádio e ver jogo?” Não tente. Ainda não há no vocabulário de nenhum idioma uma frase que consiga traduzir esse significado com exatidão, o sentimento apaixonado de um torcedor que não se permite perder um momento tão único. E explicar, então, o êxtase da alegria final já é utopia demasiada.

Há tardes que são vividas e passam. Há tardes que passam sem ser vividas. E há tardes que viverão passando em nossas memórias pelas emoções que gostaríamos de viver mais, que durassem mais, que nos alegrassem por mais tempo. A tarde/noite do último sábado foi daquelas que havia apreensão antes de começar e aflição de como poderia acabar, mas ao final uma alegria única e a sensação de que poderia até ter durado mais um pouco.

Se a ansiedade passa diante dos olhos para quem foi ao Café, ela é mais cruel quando só chega pelo rádio em traduções ainda mais angustiantes. É o sofrimento sem visão, é o medo solitário. Mas, ao final, aquele suspiro delicioso: “ahhhhhh, meu Tubarão!”.