Berlim - O Prêmio Nobel de Economia de 2024 foi dado a estudiosos de como as instituições são formadas e afetam a prosperidade. Os laureados são os americanos Daron Acemoglu e Simon Johnson, do MIT (Massachussets Institute of Technoly), e James A. Robinson, da Universidade de Chicago. O anúncio ocorreu na manhã desta segunda-feira (14), em Estocolmo.

Pela análise de vários sistemas políticos e econômicos introduzidos por colonizadores europeus, os pesquisadores demonstraram a relação entre instituições e prosperidade. Sociedades com pouco apreço às regras e com instituições que exploravam a população não geraram crescimento, ao contrário de outras, que tiverem uma melhor estrutura legal.

"Reduzir a vasta diferença de ganho entre os países é um dos grandes desafios de nosso tempo. Os premiados demonstraram a importância das instituições sociais para atingir tal objetivo", afirmou Jakob Svensson, presidente do Comitê para o Prêmio de Ciências Econômicas, logo após o anúncio dos vencedores.

Acemoglu, que nasceu na Turquia e foi educado na Inglaterra, foi logo contatado pela organização do Nobel. Por telefone, de Atenas, disse que se sentia "muito bem" com a premiação. Indagado se um estudo focado apenas no colonialismo europeu não teria limitações, o professor declarou que o processo foi um "experimento natural". "Dividiu o mundo em trajetórias institucionais muito diferentes", declarou, em referência ao fato de terem notado que a carga de estrutura social trazida pelos colonizadores e as opções que escolheram foram determinantes para o sucesso futuro das novas nações.

Confrontado por um jornalista sueco com o caso da China, uma ditadura em plena corrida de prosperidade, o professor admitiu que era preciso uma ponderação. "Nosso argumento tem sido de que este tipo de crescimento autoritário é frequentemente mais instável."

Acemoglu é o autor, junto com Robinson, outro economista com dupla nacionalidade (é também britânico), do best-seller "Por que as Nações Fracassam: As Origens da Prosperidade e da Pobreza". Considerado de esquerda, foi um dos intelectuais signatários, no mês passado, de uma carta aberta contra Elon Musk na disputa do empresário com a Justiça brasileira.

Popularmente chamado de Nobel de Economia e com o mesmo prestígio que os de outras áreas, o prêmio de ciências econômicas é o único que não fez parte do testamento de Alfred Nobel (1833-1896), um engenheiro e químico sueco, conhecido por ter inventado a dinamite e desenvolvido a borracha e o couro sintéticos.

Um ano antes de morrer, Nobel destinou 94% de sua fortuna de 31 milhões de coroas suecas (equivalentes a mais de R$ 1 bilhão nos dias de hoje) à criação de um prêmio que reconhecesse anualmente "o maior benefício à humanidade" nas áreas da química, física, medicina, literatura e paz.

Criado em 1968 pelo Banco Central da Suécia (Sveriges Riksbank), o prêmio de economia tem o nome oficial de Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel.

É concedido pela Real Academia Sueca de Ciências, de acordo com os mesmos princípios dos Prêmios Nobel originais, que são atribuídos desde 1901.

A candidatura é feita apenas por convite e, por regulamento, os nomes dos indicados e outras informações sobre as indicações não podem ser revelados até 50 anos depois.

Podem indicar nomes para o Nobel econômico membros da Real Academia de Ciências da Suécia, do comitê do prêmio, ex-premiados, acadêmicos escandinavos e de pelo menos outras seis instituições selecionadas a cada ano e outros cientistas de quem a Academia de Ciências considere adequado solicitar propostas.

O premiado é escolhido pela Academia de Ciências, a partir das recomendações do Comitê do Prêmio de Ciências Econômicas, composto por cinco membros.

O prêmio é de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 5,4 milhões, ao câmbio atual, além de uma medalha projetada pelo escultor sueco Gunvor Svensson-Lundqvist e um diploma.