Importações do Chile têm salto no Brasil no último ano
Produtos alimentícios chilenos como frutas, vinhos e castanhas registram alta de até 690% em 2020
PUBLICAÇÃO
domingo, 04 de abril de 2021
Produtos alimentícios chilenos como frutas, vinhos e castanhas registram alta de até 690% em 2020
Lara Bridi (estagiária)*
O ano de 2020 se mostrou muito vantajoso para a importação de alimentos do Chile, em comparação a anos anteriores. A alta foi destaque no último relatório do Ministério das Relações Exteriores do Chile que constata o aumento das vendas de produtos chilenos para o Brasil, com destaque para vinhos, hortaliças e, principalmente, castanhas. O país é um dos nossos únicos vizinhos da América do Sul que não fazem fronteira com o Brasil, mas ainda assim deixam muito de sua cultura gastronômica por aqui. “O mercado brasileiro foi o primeiro destino de exportações de bens e serviços (que não sejam cobre) na América Latina, e o quarto no mundo em 2020, movimentando US$ 1,6 bilhão” - expõe María Júlia Riquelme, diretora comercial do ProChile Brasil.
O quadro é resultado de uma relação internacional de décadas, que permitiu a circulação facilitada desses produtos. “Há mais de 24 anos, Chile e Mercosul fizeram um acordo que permitiu que todas as mercadorias fossem comercializadas com tarifa zero” - explica Riquelme, em referência ao ACE 35 (Acordo de Complementação Econômica nº 35), assinado por Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina em 1996. O acordo tornou o Chile o primeiro Estado-Associado do Mercosul.
Os vinhos são protagonistas nesse cenário. A bebida já caiu no gosto do brasileiro e Riquelme conta que há 15 anos o Chile é o principal fornecedor de vinhos importados ao País. No último ano, o consumo se expandiu em 24% em comparação a 2019, o que representa um montante de US$ 184 milhões. A venda também é destaque para o lado chileno: hoje o Brasil é o segundo maior comprador estrangeiro de vinho. Para a diretora, muito disso se deve a qualidade da bebida selecionada pela instituição, que tenta “destacar os vinhos de nicho, mais conhecidos como vinho de autor, caracterizados por serem amostras representativas da diversidade e riqueza do Chile”.
A horticultura também tem seu papel. Certamente, quem se sobressai nesse cenário é a avelã, que saltou de US$ 1,32 milhão em 2019 para US$ 10,43 milhões no ano seguinte, demonstrando uma alta de 690%. A importação de alhos frescos costumava representar US$ 3,58 milhões em 2019, mas passou para US$ 8,77 milhões em 2020, um aumento de 145% - ou seja, mais que o dobro. As maçãs frescas também tiveram alta expressiva de 111%, passando de US$ 17,45 milhões em 2019 para U$ 36,81 milhões no ano passado, o maior crescimento dos últimos cinco anos. Se destaca também a entrada de kiwis, que atingem os US$ 17,35 milhões em 2020. Outros produtos com crescimento de demanda foram a ameixa desidratada, com alta de 116%, e a cebola, com 50% a mais de vendas.
A carne de porco também foi rentável, com alta de 8%, chegando a US$ 4,09 milhões em 2020. E o azeite chileno ocupa a terceiro favorito dos brasileiros entre os que vêm de fora do país. Todos esses resultados foram surpreendentes para a instituição diante a pandemia do novo coronavírus. A diretora conta que os esforços para conectar produtores e compradores foram especialmente maiores, pautados em encontros virtuais. “Esperávamos um resultado positivo, mas algumas categorias de produtos superaram as expectativas” – declara.