O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do MP (Ministério Público), cumpriu nesta terça-feira (30) 12 mandados de busca e apreensão em Londrina, Arapongas, Ibiporã, Jataizinho, Matinhos e Tamarana e no município em Bataguassu (Mato Grosso do Sul). Trata-se da Operação Surreal, que investiga a prática dos crimes de extorsão, agiotagem, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa e associação criminosa.

De acordo com o Gaeco de Londrina, as investigações tiveram início em março de 2022 quando foi identificada a existência de falsa empresa de factoring (fomento mercantil) utilizada para prática de agiotagem, registrada em nome de “laranjas”, para ocultar os reais autores dos delitos. "Aqueles devedores dos empréstimos dessa agioatagem que tinham dificuldades de pagar eram extorquidos ou constrangidos. Temos diálogos entre os envolvidos que demonstram práticas de ameaças para obrigar os credores a pagar", informou o promotor de Justiça, Jorge Barreto. O número de vítimas e também o valor de empréstimos com juros exorbitantes movimentados pelo grupo ainda estão sendo apurados pelo Ministério Público.

A continuidade das apurações revelou a existência de lavagem de dinheiro, com uso de pessoas físicas e jurídicas para ocultação de bens e valores provenientes de crime contra a economia popular. Um dos investigados chegou a receber R$ 30 mil para participar do esquema como proprietário “laranja” de grande empreendimento imobiliário em Ibiporã. As investigações resultaram no sequestro judicial de sete imóveis registrados em nome de pessoas jurídicas vinculadas aos investigados, para garantir a recuperação de ativos provenientes de infrações penais. As ordens judiciais foram expedidas pela 4ª Vara Criminal de Londrina. Um dos investigados foi preso nesta terça-feira, mas por conta de descumprimento de mandado de prisão por outro crime de ordem tributária. Outra pessoa foi presa em flagrante pelo Gaeco por porte ilegal de munições.

CORRUPÇÃO

Um dos investigados da Operação Surreal é um servidor público da Prefeitura de Jataizinho, que está lotado no departamento que concede autorizações e licenciamentos para liberação de novos loteamentos no município. Por conta de uma suspeita de facilitação nos trâmites, foram cumpridos dois mandados, sendo um na casa do investigado e o outro no gabinete dele na prefeitura. "Esses investigados tinham interesse de apressar a instalação de um determinado empreendimento. Ainda não há uma constatação, mas uma suspeita de que o servidor tenha atuado de forma ilícita. Ou seja, foi uma abordagem feita ao servidor mediante a pagamento de propina para que ele realizasse seu ofício." No caso do agente, caso se confirme, ele poderá responder por corrupção passiva. A FOLHA não conseguiu contato com a Prefeitura de Jataizinho para comentar a operação.

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