Os reflexos das chuvas da semana passada e do frio dos últimos dias já começam a ser sentidos pelos produtores de hortaliças da região. As condições climáticas dos últimos dias afetaram os cultivos, resultando em prejuízos, e a alta de preços já chegou à Ceasa (Central de Abastecimento do Paraná) em Londrina. Tubérculos e outros vegetais sofreram reajustes entre 25% e 30% e alguns até dobraram de preço. Como muitos produtores ainda estão levantando os efeitos do clima nas suas hortas, até o final desta semana, o volume de perdas pode aumentar.

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. | Foto: Arnaldo Alves/AEN

“Na segunda-feira (24) teve um pequeno reflexo da chuvarada e do frio e já ocorreu um aumento em alguns produtos, como a beterraba e a cenoura, que subiram entre 25% e 30%”, disse o gestor ambiental e assistente administrativo da Ceasa em Londrina, Marcos Alcântara. A caixa da cenoura e da beterraba, que na semana passada era vendida por R$ 35, nesta semana passou a ser comercializada por R$ 40 a R$45.

A alta nos preços dos tubérculos, explicou Alcântara, aconteceu porque o excesso de chuva dificulta a colheita do produto. Quando não há o aumento de preço, pode ocorrer a escassez. Foi o que aconteceu com a mandioquinha-salsa, que não sofreu reajuste, mas sumiu do mercado.

O grande volume de chuva também inflacionou o preço do pepino. Em menos de uma semana, o preço da caixa do legume dobrou, saltando de R$ 25 para R$ 50. “Com a chuva, pode ter ocorrido o aborto de flor e o pessoal aumenta mesmo o preço. Os consumidores já devem começar a sentir essa alta nos supermercados”, comentou o assistente administrativo da Ceasa.

Quando os fatores climáticos desfavoráveis coincidem com o período de fim de safra, os reajustes são inevitáveis, como é o caso do quiabo, que teve alta de 40% entre a semana passada e o início desta semana. “As chuvas afetaram a qualidade do quiabo, que já começa a diminuir porque está no final da temporada. Os que estão melhores e mais bonitos, vêm com preço maior.”

Termômetro

Até o final desta semana, novas altas são esperadas. O tomate, considerado pelos produtores como um termômetro do mercado e cuja cultura vem passando por dificuldades, com queda nos preços há cerca de 60 dias, agora deve ter aumento. “Amanhã já pode ter alguma diferença de preço”, adiantou Alcântara. A Ceasa em Londrina tem cerca de 400 produtores cadastrados ativos que, diariamente, comercializam em torno de uma tonelada de produtos.

Produtor de mandioca e folhagens na Usina Três Bocas, Benedito Aparecido Gomes calcula ter perdido R$ 12 mil em vendas na semana passada. Nos dias de chuva, o maquinário não consegue entrar na roça para fazer a colheita e o produtor deixa de faturar. “O produto não estraga com a chuva, mas a gente deixa de vender a mandioca in natura, deixa de arrecadar e, no final do mês, tem que pagar os funcionários, a energia elétrica e outras despesas”, contou. A produção de folhagens, pelo sistema de hidroponia, não foi afetada.

Para quem cultiva folhagens a céu aberto, após uma longa estiagem a combinação de chuva e frio foi benéfica. Na horta do produtor Eliel dos Santos Silva, do Patrimônio Selva, repolho, couve-flor, alface e outras hortaliças seguem crescendo com qualidade. “Foi muita chuva, mais de 200 milímetros, mas a terra estava tão seca que a plantação não sentiu tanto. Não tive problemas na minha propriedade, mas nos casos em que o frio provocou o retardamento do amadurecimento dos frutos, é normal ter alta de preço, mas na semana que vem deve normalizar”, comentou.

Deral

O Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, informou que os levantamentos das perdas ainda não foram concluídos e que os dados estão sendo coletados. A tabulação deve ser finalizada no início da semana que vem, quando poderão ser mensurados os efeitos das chuvas e do frio nas plantações de hortaliças do Estado.