Pela primeira vez, em 12 meses, o valor da cesta básica em Londrina ultrapassou os R$ 600. A pesquisa realizada pelo NuPEA (Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas) do campus Londrina da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) apontou alta de 4,46% sobre abril, encerrando maio cotada a R$ 605,77 para o consumo de uma pessoa. A batata foi o item com maior alta de um mês para o outro, com aumento de mais de 41%.

Para uma família de quatro pessoas, considerando dois adultos e duas crianças, a mesma cesta básica sairia por R$ 1.817,30, 22,30% acima do salário mínimo nacional, de R$ 1.412.

Em abril, a cesta básica havia sido cotada a R$ 579,93, com queda de 1,26% ante março. A alta observada em maio, não era prevista pelos pesquisadores do NuPEA. “Surpreendeu bastante esta alta tão significativa para somente 30 dias. O maior aumento foi da batata, com alta de 41,3%. Uma comparação interessante é com o preço da batata de um ano atrás. No mesmo mês do ano passado, estava, em média, R$ 5, variando de um supermercado a outro, entre um mínimo de R$ 2,85 e um máximo de R$ 6,49”, avaliou o economista e coordenador do NuPEA, Marcos Rambalducci. Em maio, o preço da batata oscilou entre R$ 8,99 e R$ 12,90, com média calculada em R$ 10,31.

O aumento no preço final da cesta, disse o economista, pode ser explicado pelas chuvas em áreas de produção da batata e do tomate. A tragédia climática vivida no Rio Grande do Sul também ajudam a compreender o aumento no preço de alguns produtos, como o arroz.

Dos 13 itens que compõem a cesta básica, sete subiram de preço. Além da batata, também tiveram aumento o leite (24,1%), o tomate (15,2%), o café (8,3%), a farinha de trigo (8,2%), o arroz (6,0%) e o óleo (3,8%).

Na lista dos produtos que registraram queda, estão a banana (-22,11%), o feijão (-11,8%), a margarina (-4,0%), o açúcar (-0,5%), a carne (-0,5%) e o pão (-0,5%).

A carne, o item que mais pesa no bolso do consumidor, correspondendo a 38,2% do valor total da cesta em maio, apresentou ligeira alteração de preço. O acréscimo de 0,5%, indica estabilidade. A média, em maio, foi calculada em R$ 33,42 o quilo contra R$ 33,59 em abril. O preço mais baixo observado pelos pesquisadores foi R$ 27,89 e o mais alto, R$ 39,90. O corte usado como referência é sempre o coxão mole, em peça ou fatiado. O NuPEA considera o que estiver mais barato.

Na comparação com maio de 2023, o percentual de aumento foi similar, de 4,1%. Neste mesmo mês do ano passado, a cesta básica custava R$ 582,03. Em relação a janeiro de 2024, o aumento foi menor, de 2,6%. No início do ano, a mesma cesta era calculada em R$ 590,38.

A variação positiva de preços observada em maio, afirmou Rambalducci, está mais relacionada a problemas na oferta do que ao aumento da demanda. “O arroz, possivelmente, poderá apresentar alta nos próximos meses, assim como o leite. O primeiro, em função da perda de parte da produção do Rio Grande do Sul, isso ainda a ser confirmado, e o leite porque estamos entrando na entressafra do produto. A soja e o milho também tendem a apresentar altas, então podemos prever uma tendência altista para os dois próximos meses.”

Para contornar a inflação e equilibrar o orçamento, a dica é sempre comparar os preços. O NuPEA realiza a pesquisa em 11 supermercados de Londrina, em todas as regiões da cidade. Em maio, o consumidor que se dispusesse a comprar os itens com melhor preço em cada loja faria uma economia de 18,7%, pagando R4 492,42 pela cesta básica. Mas em uma situação mais próxima da realidade, se os produtos fossem adquiridos no supermercado com preços mais atrativos, a economia seria de 9,4%, totalizando R$ 548,67. Sem pesquisa, no entanto, o consumidor poderia pagar mais caro, R$ 650,21 - alta de 7,3%.