Nesta Semana teremos o encerramento da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP26, que ocorre entre 1 e 12 de novembro, em Glasgow- Escócia

A COP26 tem por missão demonstrar a urgência e as oportunidades de avançar para uma economia neutra em carbono, a partir da cooperação entre as nações.

Dentre as oportunidades econômicas que o controle da emissão de gazes de efeito estufa pode trazer para nós, destaco o mercado de carbono, bastante discutido, mas pouco compreendido.

De imprópria para humanos ...

A pesquisadora Bettina Schirrmeister, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, encabeça a autoria de artigo científico onde coloca que a atmosfera primordial de nosso planeta, criada provavelmente pela desgaseificação vulcânica, não continha quase nenhum oxigénio.

... até o episódio da ‘Grande Oxigenação’ ...

Foi com o desenvolvimento das cianobactérias (algas verde-azuladas), que utilizam dióxido de carbono e água, para obter glicose por meio da energia da luz solar e eliminar na forma de resíduo o oxigênio (fotossíntese) é que se deu a ‘Grande Oxigenação’ da atmosfera terrestre.

... e o ‘encapsulamento’ do carbono ...

Ao longo de milhões de anos, as cianobactérias e as demais formas de vida que resultaram de processos evolutivos, se acumularam em camadas sedimentares no fundo de lagos e mares e foram então submetidos à ação de bactérias e da pressão das camadas superiores, resultando em petróleo, gás natural e carvão.

... se passaram 2 bilhões de anos.

Foram necessários milhares de anos para estes organismos ‘criassem’ a atmosfera atual, sequestrando carbono para a fabricação de moléculas orgânicas, que ficariam enterradas na forma de combustíveis fósseis, e expelindo oxigênio na forma de resíduo.

Um século para desfazer ...

Mas em 100 anos ‘libertamos’ uma enormidade deste carbono novamente na atmosfera ao extrair e queimar petróleo e carvão que estavam quietinhos lá embaixo.

... e voltar ao que era ...

Então veja, que não estamos destruindo o planeta, estamos deixando-o com uma atmosfera igual a de 2 bilhões de anos atrás, que não era própria para a vida aeróbica.

... e que não é bom para nós.

Portanto, não é por altruísmo que procuramos preservar as condições atuais do planeta. É para garantir a sobrevivência da espécie humana, lembrando que o planeta não precisa de nós, nós é que precisamos dele.

Precisamos conter o vazamento ...

Na tentativa de reduzir a velocidade da liberação do carbono que estava ‘armazenado’ na forma de petróleo e carvão, surgiu, a partir do Protocolo de Kyoto, em 1997, o conceito de crédito de carbono na esteira da criação das metas de redução de suas emissões, por parte dos países signatários.

... criando mecanismos ...

Os créditos de carbono, cuja unidade equivale a 1 tonelada de CO2 equivalente, são gerados quando uma atividade captura (sequestra) carbono, ou uma atividade emite menos carbono que a emissão estabelecida para ela.

... economicamente atraentes.

Estes créditos de carbono (devidamente certificados) podem ser comercializados, criando o chamado mercado de carbono, que é caracterizado pela venda dos créditos de carbono entre um país que os detém e um país que precisa diminuir suas emissões, mas não atingiu suas metas.

E temos tudo para lucrar.

O Brasil, com gigantesco potencial de desenvolvimento de energias renováveis, poderia oferecer cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono nesse mercado até o fim da década, conforme estudo da consultoria especializada em sustentabilidade WayCarbon.

É preciso olhar com carinho para esta oportunidade.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.

A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina