Produzido pela UBS, um dos maiores bancos de gestão de patrimônio do mundo, o Global Wealth Report (GWR) da UBS é uma publicação anual que oferece uma análise abrangente sobre a distribuição e evolução da riqueza global.

Segundo o relatório, publicado na semana passada, a riqueza média por adulto no Brasil cresceu mais de 375% desde 2008, superando o México (150%) e a China Continental (366%).

No entanto, o Brasil possui a terceira maior taxa de desigualdade de riqueza entre os 56 países analisados, ficando atrás apenas da Rússia e da

África do Sul. De 2008 a 2023, a concentração de riqueza aumentou 16,8%, o que reforça a defesa pelo imposto sobre grandes fortunas.

Ricos cada vez mais ricos ...

Desde a crise financeira global de 2008, a riqueza média por adulto em moeda local no Brasil foi multiplicada por 4,75, ficando atrás apenas da

Turquia, Cazaquistão e Rússia. Contudo, esse aumento veio acompanhado de uma maior concentração de renda.

... e segundo o coeficiente de GINI ...

O aumento na concentração de renda pode ser medido pelo Coeficiente de Gini que mostra a proporção acumulada da renda em relação à

proporção acumulada da população. Variando de 0 a 1: quanto mais próximo de 1 mais desigual é a distribuição da renda em uma economia.

... aumenta a desigualdade ...

O Coeficiente de Gini no Brasil saltou neste período de 0,7 para 0,81, uma elevação de 16,8%, colocando o país entre os mais desiguais do mundo, o que já era notoriamente conhecido, mas o que é relevante é que está piorando em vez de melhorar.

... na medida que aumentam os ricos,...

Essa concentração é particularmente evidente quando o relatório projeta que, nos próximos quatro anos, a quantidade de indivíduos com patrimônio líquido igual ou superior a US$ 1 milhão, algo como R$ 5,43 milhões ao câmbio de hoje, saltará de 381 mil para 464 mil até 2028, um aumento de 22%.

... aqui e lá fora.

O crescimento da proporção de ricos não é exclusivo do Brasil. A quantidade de indivíduos com renda superior a US$ 1 milhão, triplicou no período e 1,5% da população mundial detêm US$ 240 trilhões, praticamente 50% de toda a riqueza produzida.

É preciso mecanismos de ajuste...

Esse contraste destaca a necessidade de implementar políticas inclusivas e equitativas que promovam não apenas o crescimento da riqueza, mas

também sua distribuição de maneira mais justa, garantindo que os benefícios econômicos sejam compartilhados por toda a população.

... como o proposto pelo Brasil ...

Sob a presidência do Brasil, o G20 discute a implementação de um imposto sobre grandes fortunas. A proposta visa taxar patrimônios acima de

US$ 1 bilhão, com uma alíquota de 2% ao ano, uma iniciativa, elaborada pelo economista francês Gabriel Zucman.

..., mas com alguma correção...

A ideia é que esse imposto seja adotado de forma coordenada pelos países membros, evitando a evasão fiscal e a fuga de capitais para jurisdições com menor tributação. Mas é preciso pensar em equacionar um erro nesta tributação, pois ela atinge tanto o patrimônio quanto os investimentos.

... afinal, fazer riqueza não é pecado ...

O pecado está na ostentação. O imposto deveria ser imputado especialmente a bens de luxo, casas, aviões, iates, joias, adegas, e tudo aquilo que está associado à exibição extravagante de riqueza, mas excluindo do cálculo os investimentos produtivos.

... e é possível socializar este talento...

Algumas pessoas possuem uma capacidade única para gerar riqueza e prosperidade. Ao não tributar esses investimentos, incentivamos esses indivíduos a aplicarem seu capital em atividades que promovem crescimento econômico, inovação e criação de empregos.

... e não o inibir.

Isso, por sua vez, beneficia a sociedade como um todo, gerando mais oportunidades e melhorando a qualidade de vida. Portanto, é essencial explorar essa capacidade para o bem comum, assegurando que os recursos sejam direcionados para iniciativas produtivas e sustentáveis.

É fundamental estudar o formato correto do imposto sobre fortunas.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, Professor da UTFPR.