“O primeiro pensamento é que vale!” – todo dia me valho deste preceito de Celso Garcia Cid, o londrinense que nasceu na Espanha mas viveu no e para o Brasil (“A vida é trânsito”, dizia, “só o Brasil é permanente”).

Não é um ditado, é um preceito, aquilo que se manda por experiência e confiança nos resultados. Mas porque um empreendedor como Seo Celso diria isso que parece, à primeira vista, um convite à precipitação ou ao desplanejamento?

É preciso porém lembrar que ele dizia isso diante de problemas complicados, com circunstâncias prementes e muita gente envolvida (“com os amigos posso tudo”) e mais gente a envolver, como quando renovou a pecuária nacional trazendo zebus da Índia. Então o espanhol obstinado envolveu até a mãe do presidente da República, Juscelino Kubitschek, dona Júlia.

Certamente foi num típico momento em que se via rodeado de desafios e confrontos, não tendo mais a quem recorrer, para salvar o gado confinado na paranaense Ilha das Peças, com a Marinha ameaçando até matar os bois e enterrar na praia. Aí deve ter estalado o pensamento: “só o presidente da República pode mandar no ministro chefe da Marinha, mas quem pode mandar no presidente da República?”

Ele ligou então para a mãe do presidente, que ouviu sua história, que estava trazendo os zebus não para si mas para o Brasil; e ela então ligou para o filho, dizendo que nunca tinha pedido nada ao presidente, agora pedia para atender ao espanhol de Londrina; e Juscelino atendeu.

Prefiro “siga o primeiro pensamento”, deixando claro que a solução do problema não é como uma fruta que se colhe num instante, o estalo inicial é o começo de um processo.

O cérebro, cheio de informações, dúvidas e opções, é como usina pronta para trabalhar, mas o empreendedor, como o lutador antes do primeiro golpe, sabe que precisa de um bom começo, que já seja uma visão de caminho, uma ação acertada por mais que pareça até absurda como pedir ajuda à mãe do presidente.

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. | Foto: Domínio público

Pode-se conjeturar se não foi seguindo um primeiro pensamento assim que Santos Dumont usou materiais leves para inventar metade do avião, enquanto a outra metade, o motor possante, era inventada pelos Irmãos Wright. Mas por que seguir o primeiro pensamento e não qualquer outro? Porque é justamente o primeiro, filho não só das informações e formulações mas também da intuição.

Esse pensamento pode vir quando nem mais se procura, ou até quando se está distraído, procurando não pensar no problema, e aí plim, a faísca estala: “vou resolver aquilo assim!”

Também é preceito que funciona no dia a dia, até de passagem, como quando passamos por algum problema e nos dizemos que é preciso resolver, mas deixamos para depois, para depois nos arrependermos.

Por isso digo sempre para mim mesmo que, no jogo da vida, o melhor investimento é seguir o primeiro pensamento, porém se preparando para seus desdobramentos. Ou, como diria Seo Celso, quem deixa pra depois fica sem tempo. Sempre lembrando que “complicar é fácil, mas o certo é fazer tudo simples.

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