A netinha Iara pergunta o que é maravilha, digo que é tudo que é muito bom e bonito. Conto que a maior maravilha não se vê, apesar de tão grande que está em todo lugar, o ar que respiramos pra viver, e convido para tapar nariz e boca comprovando como precisamos de ar...

Conto que a segunda maior maravilha é a água, do mar que tem bilhões de anos (e ela aceita como se fossem seus cinco anos), como também é maravilha a água encanada, que viaja pelos canos para chegar até nós, e ela bate palmas para a torneira.

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Sempre lavando louça

Conto que, graças à água das chuvas, temos a terceira maior maravilha, a terra, daonde vem a nossa comida. Porque a terra começou como lava (mostro foto no celular), lava que saiu de vulcões ou escorreu de enormes rachaduras, e ela se espanta.

Conto que isso foi há mais de cem milhões de anos, dando muuuuito tempo para as chuvas e o sol irem transformando aquele chão de pedra em terra, e ela resume: a terra é velha, né, vô.

Enquanto isso, continuo contando, foi aparecendo a nossa quarta maior maravilha, começando por muitos bichinhos que vivem na terra tão pequenininhos que a gente nem vê, até que apareceram as minhocas, que também foram transformando o chão de pedra em terra.

E a terra foi avermelhando porque tinha muito um tal óxido de ferro, que, enferrujando, foi também avermelhando. Ela não entende, continuo contando que, enquanto a terra ia avermelhando, a América ia se separando da África, já que faziam parte de um continente único, o Pangea, Pai de Todas as Terras. Mostro mapas na telinha, ela balança a cabeça entendendo.

Conto que então em quase todas as terras, menos nos desertos onde não chove, foram surgindo plantas, a começar dos musgos e chegando às florestas, e essa grande maravilha, as plantas, nos deram as também tantas pequenas maravilhas que são as flores, os frutos e as sementes.

Conto que essas pequenas maravilhas sustentam outra grande maravilha, os bichos, desde o elefante tão grande e pacato, a não ser para defender os filhotes, até os cachorros que parecem gente.

É noitinha, então convido a colocar as mãos em concha nas orelhas, para ouvir a miudíssima maravilha dos insetos na sua incessante sinfonia, depois que passaram o dia polinizando as flores que nos dão frutos e colheitas. Ela ouve balançando a cabeça mas diz para eu explicar melhor a tal sinfonia.

Acho melhor passar para preciosas maravilhas como o caramujo, a joaninha, o beija-flor, o girassol, a louva-a-deus, a teia de aranha e os ninhos de passarinhos, que ela vai aplaudindo.

Surge um arco-íris e conto que é mistura de água, ar e sol, e que lá, onde o arco-íris encontra o horizonte, há outra maravilha, um pote de ouro, não por ser o ouro uma maravilha, e sim por ser outra maravilha isto de gente contar histórias.

Digo que histórias são um jeito da gente viajar no tempo e viajar por dentro, e ela concorda fazendo cara de adulta entendida. Aí digo que ela também é uma maravilha, e ela me abraça, e é mesmo uma pequena grande maravilha.

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A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.

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